A produção petrolífera angolana voltou a cair abaixo de 1,6 milhões de barris em março, embora o país se mantenha entre os principais fornecedores da China e a OPEP, no seu último relatório mensal, antecipe um aumento da procura global da matéria-prima
Texto de: Luís faria
Angola foi o membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que mais reduziu a sua produção no mês de Março, refere o último relatório mensal da organização, que cita as habituais ‘fontes secundárias’. A produção petrolífera nacional caiu abaixo da média diária de 1,6 milhões de barris, para 1,524 milhões de barris/dia, menos 81,7 mil barris que os registados pelo relatório da OPEP respeitante a Fevereiro.
De referir o recuo da produção saudita, o maior produtor entre os 14 membros da OPEP, em 46,9 mil barris/dia. Já a produção da Nigéria, o maior produtor africano, foi acrescida em 18,2 mil barris em média diária, tendo atingido no último mês 1,81 milhões de barris por dia, distanciando-se mais da angolana.
A Venezuela continua a assistir ao declínio da respectiva produção (menos 55,3 mil barris por dia em Março), sendo ainda de assinalar as quebras registadas pelas produções da Argélia, Líbia, Iraque e Gabão. No seu conjunto, a produção da OPEP sofreu uma redução de 201,4 mil barris/dia, situando-se em 31,958 milhões de barris em média diária.
Angola, entretanto, mantevese em Fevereiro entre os principais fornecedores de petróleo bruto à economia chinesa, com uma quota de 12% do total dos fornecimentos de crude à potência asiática, apenas suplantada pelas obtidas pela Rússia (16%) e a Arábia Saudita (14%).
No entanto, assinala o relatório da OPEP, os fornecimentos de petróleo à China por parte de Angola e Rússia foram menores que os registados no mês anterior, ao contrário do que sucedeu com os efectuados pela Arábia Saudita, que aumentaram.
oferta fora da opep sobe As projecções da OPEP para a oferta de países produtores não afectos à organização no decurso deste ano quase triplicaram, antevendo agora que aquela deverá aumentar em 80 mil barris por dia, para 1,71 milhões de barris/ dia, o que se fica a dever ao impulso verificado nas produçõesnorte-americana e russa.
A previsão para a procura global de petróleo este ano também é revista em alta pela organização, que acrescenta agora 30 mil barris por dia à sua anterior projecção, fixando a procura mundial de crude em 1,63 milhões de barris em média diária. De acordo com o documento da OPEP, esta nova projecção para a procura global “reflecte principalmente o momento positivo nos países da OCDE no primeiro trimestre de 2018, com base em indicadores que se mostraram melhores do que os esperados, sendo suportada pelo desenvolvimento de actividades industriais, pelas condições climatéricas, mais frias do que se antevira, e ainda pelas actividades de mineração nas Américas e na região da Ásia/Pacífico”.
O relatório da organização que agrega 14 países responsáveis por cerca de 40% da produção mundial assinala a evolução positiva do preço da matéria-prima, com o valor do barril de referência da OPEP, o Brent e o WTI a registarem ganhos no último mês em resultado da evolução dos stocks nos Estados Unidos e das tensões geopolíticas prevalecentes, com os ‘fundos de cobertura’ ou ‘hedge funds’ a reforçar as suas posições a um prazo mais longo em relação ao Brent, negociado na praça londrina (ICE), como no que respeita ao WTI transaccionado na praça nova-iorquina (Nymex).
O petróleo tipo Brent, referência das ramas angolanas, mantém-se acima de USD 70, negociado mesmo ontem acima de USD 72, num momento em que Arábia Saudita e Rússia, os dois maiores produtores mundiais, a par dos Estados Unidos, dão sinais que o acordo firmado entre a OPEP e outros 10 países produtores não alinhados na organização no sentido de subtrair à oferta global de crude perto de 1,8 milhões de barris por dia ‘está para ficar’, podendo mesmo prolongar-se para além de 2018.