Mais de 70% do gás produzido o ano passado pela empresa Angola LNG, sedeada no Soyo, província do Zaire, foram exportados para a Índia, de acordo com dados oficiais. O economista Janísio Salomão acredita que é uma mais-valia e deve-se aproveitar a demanda para diversificar a balança de exportação
De Janeiro a Dezembro de 2023, o país expor- tou cerca de 4,56 mil toneladas métricas de gás, o que representa um aumento de 6,68%. Do volume exportado, 78% foram produzidos pela em- presa Angola LNG, de acordo com dados do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás tornados público esta semana. Da quantidade acima menciona- da, mais de 1 milhão de toneladas métricas corresponde ao último trimestre, o que possibilitou a arrecadação de 659,87 milhões USD.
Apesar de as exportações realizadas no 4.º trimestre apresentarem uma diminuição, em relação ao trimestre anterior, com cerca de 16,62%, o valor da comercialização foi superior em 5,05%, em consequência do aumento do preço do gás no mercado internacional. Solicitado a analisar o assunto, o economista Janísio Salomão explicou que desde o ano passado que Angola começou a arrecadar mais recursos financeiros provenientes do sector do gás, tendo em conta a crise energética que se deu por conta da vedação na Rússia, que é um dos grandes fornecedores de gás, por causa da guerra contra a Ucrânia.
O especialista ressaltou que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia fez com que alguns países da Europa procurassem alternativas para assegurar o abastecimento de gás. Com esta situação, Angola começou a tirar maior proveito com a venda de gás a nível mundial. “É uma mais-valia e devemos aproveitar a demanda do produto a nível mundial para diversificar a balança de exportação que é maioritariamente assente num único produto: o petróleo”, disse.
No que toca à venda do gás à Índia, o especialista sublinhou que este bem é um dos principais pro- dutos a nível da Europa e do mundo, uma vez que, além de ser utilizado na cozinha, também serve para a produção de energia eléctrica. Disse igualmente que, fruto das boas relações que existem entre ambos os países, a Índia tem Angola como preferência para com- pra do gás e outros produtos energéticos. “A Índia, que é o país com maior população a nível do mundo, precisa de garantir o fornecimento de gás para o sector doméstico, bem como para o fornecimento de energia eléctrica”, explicou.