Dados relativos à importação revelam exposição à necessidade de importar quase tudo. Produtos agrícolas e florestais são os que menos importamos, enquanto máquinas, equipamentos e combustível são dos que mais importamos
As importações de Angola diminuíram USD 322,3 milhões no comparativo entre o primeiro e o segundo trimestre do ano em curso, como mostram os dados relativos à importação. No primeiro trimestre as importações posicionaram-se acima dos USD 4 mil milhões, tendo no segundo trimestre do ano se fixado nos USD 3,7 mil milhões.
Os USD 3,7 mil milhões gastos com importação de produtos diversos no segundo trimestre do ano em curso, são igualmente inferiores aos USD 4,5 mil milhões gastos em importação no mesmo período do ano de 2022. É digno de realce também como positivo, no que a gastos com importação dizem respeito, que os USD 3,7 mi milhões registados no segundo trimestre de 2023 são superiores aos USD 2,9 mil milhões gastos no mesmo período de 2021, e igualmente superiores aos USD 2,1 mil milhões registados em 2020.
Os dados mostram que no topo das importações angolanas estão as máquinas e equipamentos, pelas quais gastou-se, no segundo trimestre, USD 895 milhões, seguida da importação de combustível, com mais de USD 705 milhões, com os alimentos a aparecer na terceira posição com USD 490 milhões. Apesar do desempenho que revela a elevada dependência das importações, em quase todos os segmentos, fica também evidente a existência de produtos que já pouco se importa, como os casos dos produtos agrícolas e flores- tais que se posicionaram nos 3,5 milhões no segundo trimestre do ano em curso.
Um item que, como mostram os dados, anda no registo de 3 e 6 milhões de dólares em importação por trimestre. Olhando de outra perspectiva percebe-se que os produtos como veículos, acessórios e suas partes com registo de mais de USD 379 milhões no período em questão, ao mesmo tempo que os produtos químicos e farmacêuticos registaram um total de importação de um pouco mais de USD 286 milhões.
Reservas internacionais
Estes não são os itens com maior valor gasto em importação, mas têm relevância por conta da sua importância na vida do país e por aquilo que vem sendo evidencia- do pelo presidente do Conselho de Administração da AIPEX, Lello Francisco, que fala da necessidade de Angola reforçar o interesse na produção de vários artigos aqui no país, por se gastar muito com a importação. “Temos aqui uma clara oportunidade de investimento nestes sectores que, de tão relevantes, foram agregados nos sectores prioritários”, disse Lello Francisco, durante a sua apresentação, na abertura do Fórum UE – Angola.
Aliás, ontem, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, disse que Angola pode pôr em risco a sua sustentabilidade externa se continuar a usar as reservas internacionais para cobrir necessidades de importação. Segundo o responsável, Angola precisa urgentemente começar a produzir alguns produtos de amplo consumo para salvaguardar a sua sustentabilidade externa.
José de Lima Massano disse que Angola não pode continuar a fazer uso das reservas internacionais para atender as necessidades de importação, acrescentando que caso Angola persista no uso das reservas internacionais para cobrir défice de produção interna, pode entrar para um quadro de insegurança no médio e longo prazos.
POR: Ladislau Francisco