Uma missão angolana, chefiada pela ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, participa, desde ontem até Domingo, em Washington, Estados Unidos da América, nas Reuniões de Primavera do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) para “advogar a favor de si mesmo”, segundo considera o economista Ciel da Conceição
O economista considera que “convêm que Angola discuta com o Banco mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) possibilidade de existência de recursos financeiros e respectivos tectos para assistência e apoio a membros. A presença do país nestas “importantes reuniões” das duas instituições de que o país é membro “é um direito que deve ser aproveita- do como oportunidade para abordar itens com repercussão na economia nacional”.
“Do ponto de vista mais concreto, as discussões permitem ao país emitir a sua opinião, mas também solicitar o apoio de que necessita para cumprir com o seu programa de desenvolvimento económico correspondente ao ciclo político vigente”, contextualizou o especialista.
Ciel da Conceição considera ainda que as ‘Reuniões de Primavera’ das instituições de “Bretton Woods” são também uma boa oportunidade de formação, ou seja, “através destas reuniões, Angola tem a possibilidade de apresentar candidatos e candidatas para fazerem parte do ‘staff’ das duas instituições e desta forma adquirirem experiência e contribuírem efectivamente para a rotação das políticas e das medidas que estas instituições produzem, bem como fazer valer o nome do país e do continente. “Se nós não sermos advogados de nós próprios, dificilmente os outros o vão ser”, afirma o economista.
As reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos Conselhos de Governadores do Grupo Banco Mundial (GBM) reúnem banqueiros centrais, ministros de finanças e desenvolvimento, executivos do sector privado, representantes de organizações da sociedade civil e acadêmicos para discutir questões de preocupação global, incluindo as perspectivas econômicas mundiais, a erradicação da pobreza, o desenvolvimento econômico e a eficácia da ajuda. No evento também são apresentados seminários, briefings regionais, conferências de imprensa e muitos outros eventos focados na economia global, desenvolvimento internacional e sistema financeiro mundial.
O lema deste ano é “Reformulando o desenvolvimento para uma nova era”. De acordo com a agenda, Angola participa em diferentes sessões e reuniões ao mais alto nível dirigidas aos ministros e governadores dos bancos centrais de todo o mundo, além de audiências e encontros com executivos de bancos internacionais e responsáveis de várias instituições de “Bretton Woods” e da alta finança internacional. Os encontros em que Angola participa visam analisar a conjuntura macroeconómica internacional e tratar de questões concretas relacionadas com a situação regional africana, de um modo geral, e a angolana, em particular.
A delegação angolana é também integrada pelo ministro da Economia e Planeamento, pelo Secretário para os Assuntos Económicos do Presidente da República, pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), além de altos responsáveis e técnicos destes departamentos governamentais e institutos públicos. Os acordos de “Bretton Woods” foram definidas entre os participantes da Conferência Monetária e Financeira Internacional das Nações Unidas e Associadas, realizada entre 1 e 22 de julho de 1944, que elaborou regras para o sistema monetário internacional.
Um dos momentos mais altos da jornada é o que se espera na próxima Quinta-feira, altura em que o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass, fala à imprensa. Cogita-se que, na ocasião, David Malpass forneça actualizações sobre os esforços do Grupo Banco Mundial para aumentar, rapidamente, o apoio para ajudar os países a lidar com as crises sobrepostas da pandemia da Covid-19, o conflito Rússia – Ucrânia, a insegurança alimentar e o agravamento dos impactos climáticos.