A produção angolana de petróleo bruto subiu em Dezembro, a procura pela matéria-prima por parte dos principais clientes continua a crescer, mas tanto a OPEP como a AIE admitem que a produção norte-americana vai aumentar mais do que se previa e o preço do barril ‘corrigiu’, voltando para baixo de USD 69
Por: Luís Faria
Angola fechou o ano a aumentar a sua produção petrolífera em 44,8 mil barris, tendo produzido, em média diária, no mês de Dezembro, 1,633 milhões de barris, muito perto do tecto colocado à sua produção no âmbito do acordo firmado entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros 10 países produtores para a redução da oferta de crude com vista ao reequilíbrio do mercado, segundo o relatório mensal da OPEP, que cita as habituais fontes secundárias.
Angola foi mesmo, depois da Nigéria, o segundo país a ver subir mais a sua produção no contexto da organização, consolidando a sua posição como segundo maior produtor do continente. A produção nacional havia superado a nigeriana praticamente todo o ano de 2016 e no primeiro semestre de 2017, mas, a partir do terceiro trimestre do último ano, a Nigéria retomou a liderança da produção africana.
Os 14 países da OPEP aumentaram a sua produção global no último mês de 2017 em 42,4 milhões de barris em média diária, atingindo 32,416 milhões de barris, destacando- se, para além dos acréscimos verificados nas produções dos dois principais produtores da África Subsariana, o aumento da produção argelina em 30 mil barris por dia.
No que respeita a quebras na produção, a maior foi a experimentada pela Venezuela, que produziu menos 82,2 mil barris por dia que no mês anterior (1,745 milhões de barris), embora o ministro venezuelano do sector já tenha vin-do a público posteriormente declarar que o país recuperara para uma produção de 1,8 milhões de barris em média diária. Com base nos dados obtidos através de ‘comunicação directa’, igualmente divulgados no relatório mensal da OPEP, Angola produziu em Dezembro último 1,633 milhões de barris de petróleo bruto por dia, mais 44,8 mil barris que no mês anterior.
Também de acordo com esta fonte de informação, Nigéria e Angola foram os países que registaram maiores incrementos nas respectivas produções no seio da organização. A procura por petróleo por parte do principal cliente angolano, a China, continua a crescer.
O documento da OPEP refere que a procura chinesa da matéria-prima em Novembro aumentou em uma razão de aproximadamente 630 mil barris por dia, o que traduz um acréscimo de 6% em termos da comparação com igual mês de 2016 e se encontra em linha com o crescimento evidenciado pela potência asiática, reflectindo a maior procura de crude por sectores importantes como os transportes e a indústria.
Noutro dos principais destinos do petróleo angolano, a Índia, o clima também é de crescimento económico. A OPEP salienta que a procura por parte da Índia cresceu com solidez durante o mês de Novembro, aumentando mais de 270 mil barris por dia. Aliás o aumento da procura petrolífera manteve o ritmo dos últimos meses na generalidade dos grandes consumidores da região asiática (Indonésia, Tailândia, Hong Kong e Filipinas), registando apenas um ligeiro recuo em Taiwan, revelam dados respeitantes ao mês de Outubro.
A OPEP reviu em alta a produção norte-americana, esperando que aumente em 820 mil barris por dia (mais 110 mil do que a anterior projecção). Aliás, os países que não integram a organização deverão produzir mais do que a OPEP previra anteriormente, estimando- se que o acréscimo atinja 1,15 milhões de barris por dia este ano (160 mil acima das últimas projecções da organização).
‘O aumento dos preços do petróleo está a trazer mais oferta para o mercado, particularmente da América do Norte’, afirma a OPEP no seu relatório mensal. Tanto a subida da produção da OPEP como as suas estimativas para a evolução da produção norte- americana fizeram recuar ligeiramente o preço do barril de petróleo, que atingira, no início da semana, o seu valor mais elevado desde 2014, com o Brent (tipo de petróleo de referência das ramas angolanas) a fechar uma sessão acima de USD 70.
Produção dos EUA sobe
Os Estados Unidos deverão aumentar este ano a produção de petróleo em 1,35 milhões de barris por dia, superando os 10 milhões de barris, afirma a Agência Internacional de Energia (AIE), que igualmente divulgou o seu relatório mensal no fim da última semana.
Para a AIE, organismo dependente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), o aumento da produção norte-americana decorre da subida do preço do petróleo nos mercados globais.
Graças a esta dinâmica norte-americana, a AIE prevê que a extracção dos países não pertencentes à OPEP suba em 1,7 milhões de barris diários, contra um acréscimo de 700 mil barris verificado no ano passado. Em relação à OPEP, a agência prevê que a organização mantenha os cortes de produção e respeite o acordo, que termina no final do ano e que a levou, conjuntamente com outros 10 países, a cortar a oferta em perto de 1,8 milhões de barris por dia no ano pas