O mercado petrolífero ficou marcado, em 2017, pelo compromisso dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e aliados em eliminar o excesso de oferta de petróleo, tendo recorrido a um acordo de corte de produção.
POR: Atlantico
O acordo entrou em vigor no primeiro dia de Janeiro de 2017 e deveria vigorar até o fim primeiro trimestre de 2018, mas o prazo foi estendido até ao fim de 2018. O primeiro acordo de corte na produção desde 2008, apesar do cepticismo relativamente ao sucesso da sua implementação, tem-se mantido estável, com a OPEP a mostrar-se engajada com os objectivos pré-definidos. Com o acordo, os países estabeleceram limites de produção com o intuito de reduzir a sua oferta colectiva para 32,5 milhões barris/ dia.
Os intervenientes voltarão a reunir-se em Junho do corrente ano, sendo expectável que analisem a possibilidade de alargamento do acordo de cooperação para o longo prazo, com o intuito de evitar grandes choques no mercado. O último relatório da OPEP demonstra que a produção petrolífera do cartel, segundo as fontes secundárias, atingiu 32,4 milhões barris/dia em 2017, que representa uma redução de 0,8% face ao ano anterior. A redução apurada impulsionou o preço internacional do crude, tendo o Brent valorizado 18%, fixando-se em USD 66,87/barril, enquanto o WTI aumentou 16%, para 60,42 USD/barril.
Para o ano corrente, as estimativas apontam para um crescimento da procura em 1,59 milhões barris/ dia, para 98,60 milhões barris/dia, suportada, em grande medida, pelo incremento de 1,02% da procura dos EUA e 4,11% da Índia. A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu em alta o crescimento esperado da procura de petróleo, de 1,3 milhões para 1,4 milhões barris/dia, suportada pela revisão positiva do crescimento económico mundial, que poderá se situar em 3,9% nos próximos 2 anos, segundo o Fundo Monetário Internacional.
O último relatório da empresa British Petroleum, BP Energy Outlook 2018, em linha com AIE, estima um crescimento da procura mundial de petróleo até aos últimos anos da década de 2030, destacando que no sector dos transportes, o aumento da procura por petróleo nas próximas décadas será suportado pelos meios aéreos e marítimos. Relativamente ao fornecimento mundial de crude, registou-se durante o mês de Janeiro de 2018 um aumento de 350 mil barris/ dia face ao mês anterior, situandose em 97,67 milhões barris/dia. As estimativas para a oferta dos países não-OPEP apontam para um incremento de 1,40 milhões barris/ dia em 2018 comparativamente ao período homólogo, superior ao crescimento de 0,86 milhões barris/dia registados no ano anterior, destacando que o fornecimento proveniente destes países poderá fixar-se em 59,26 milhões barris/ dia.
O gap entre a procura e a oferta poderá ser ultrapassado mais cedo do que se previa, segundo estimativa do banco de investimento Goldman Sachs. O forte aumento da procura poderá superar o crescimento do lado da oferta, sendo que a cotação do Brent poderá atingir USD 75 /barril no espaço de três meses e expandir-se para USD 82,50 /barril no prazo de seis meses. As notícias relativas à expansão do preço do petróleo são animadoras para os países produtores, como o caso de Angola, que fixou a cotação do petróleo para o corrente ano em USD 50/barril no seu Orçamento Geral do Estado, sendo que as receitas arrecadadas com o diferencial entre o preço estimado e efectivo poderão ser canalizadas para reduzir a pressão sobre a dívida.