O final de 2016 e o início de 2017 foram marcados por dois grandes eventos, que embora distintos, apresentavam alguns aspectos semelhantes. A decisão do Reino Unido retirar-se da União Europeia (Brexit) e a eleição do presidente norte-americano, Donald Trump, foram dois eventos que contribuíram para intensificar as expectativa de regresso ao proteccionismo.
Passado um ano, os receios continuam patentes e cada vez mais evidentes. O mais recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), de dia 13 de Março de 2018, denominado OECD Interim Economic Outlook, estima que a economia mundial cresça 3,9% em 2018 e 2019, tendo sido revisto em alta, comparativamente às projecções de 28 de Novembro de 2017, quando antecipava-se que crescesse 3,7% em 2018 e 3,6% em 2019. A revisão do indicador foi suportada pelo fortalecimento do investimento, a recuperação no comércio global e o aumento da oferta de emprego.
Para o ano corrente, as estimativas de crescimento para alguns países, como os Estados Unidos da América (2,9%), México (2,5%), Alemanha (2,4%), França (2,2%) e África do Sul (1,9%), foram mais robustas. Entretanto, apesar da revisão do crescimento económico mundial, a OCDE alerta sobre algumas questões essenciais, que poderão condicionar a expansão da economia mundial, como o aumento da dívida em alguns países para níveis considerados elevados e o “risco” do proteccionismo. Relativamente ao último, saliente-se que o proteccionismo pode ser definido como um conjunto de medidas que visam o favorecimento do mercado interno em detrimento do mercado externo. Segundo alguns analistas, a recente decisão da administração Trump de impor tarifas à importação de aço (25%) e alumínio (10%) poderá resultar em retaliações pelas principais contrapartes.
Por outro lado, alertam para a semelhança entre as actuais decisões de Trump e o cenário de guerras comerciais que antecederam, há cem anos atrás, a Primeira Guerra Mundial. Com a entrada em vigor prevista para o dia 23 de Março do ano corrente, a nova tributação isenta, inicialmente, o Canadá e México. A OCDE reforça a necessidade dos países dialogarem para evitarem que tensões comerciais que prejudiquem o emprego e o crescimento económico mundial. A recente tendência de adopção de políticas económicas centradas nos interesses particulares dos países, em detrimento do interesse colectivo, poderá minar a coesão mundial e reduzir os avanços em matéria de ecologia e ambiente, que é outro tema prioritário. As questões ambientais tornam- se cada vez mais relevantes. Por exemplo, o relatório do painel internacional das Nações Unidas e do Banco Mundial, chama aponta para a necessidade de uma melhor gestão da água.
O relatório “Faça cada gota contar: “uma agenda de acção pela água” demonstra que 40% das pessoas estão afectadas em todo mundo pela escassez de água, com probabilidade de aproximadamente 700 milhões de pessoas deslocarem-se à busca de água, ao longo dos próximos 12 anos, se o assunto não for solucionado. Com base no mesmo relatório, acima de 2 mil milhões de pessoas consomem água que não oferece garantias de qualidade para consumo e mais de 4,5 mil milhões não beneficiam de serviços de saneamento adequados. Nos últimos 20 anos, a maior parte dos desastres (cerca de 90%) foram causados por inundações, tempestades, secas, ondas de calor e outras, prevendo- se que até 2050, a desertificação, por si só, dificulte a subsistência de aproximadamente mil milhões de pessoas em cerca de 100 países. Assim sendo, um olhar sobre o passado com vista ao futuro é indispensável para o alcance do crescimento e do desenvolvimento sustentável. O benefício da história assenta principalmente no contributo à mitigação de riscos, de modo que seja garantido o desenvolvimento sustentável para as gerações vindouras, em um ambiente económico, político e social próspero.