Nas grandes superfícies comerciais, nos mercados e outros estabelecimentos comerciais, e até nas bancadas nos bairros periféricos, os preços dos produtos essenciais como o arroz, feijão, açúcar, óleo, entre outros, sofreram uma alteração significativa, o que leva os funcionários públicos e a população em geral a viver um verdadeiro sufoco neste momento.
Numa ronda efectuada pleo jornal OPAÍS em determinados estabelecimentos comerciais, pôde constatar que o quilograma de feijão está a ser comercializado a um preço de 3 mil kwanzas, uma garrafa de água mineral (mil kwanzas), pão normal (60 kwanzas), saco de arroz de 25 kg (30 mil), 5 litraos de óleo alimentar (10.300), um cartão de 30 ovos (15 mil), uma caixa de coxas (25 mil), um balde de tomate (10 mil), uma caixa de peixe carapau (50 mil) e um quilo de peixe fresco (6 mil).
Para além da subida dos preços dos produtos da cesta básica, regista- se também escassez de bens em quase todos estabelecimentos comerciais, devido à não transportação de mais de três toneladas de produtos retidos na vila de Soyo, província do Zaire.
Encerramento do porto fluvial de Kimbumba
O executivo angolano, através do Ministério do Interior, proibiu a circulação de embarcações de fabrico artesanal que transportam mercadorias entre o município do Soyo e a província de Cabinda. A medida tem gerado preocupação entre os comerciantes e a população local, já que a província começa a ressentir a falta e a alteração dos preços dos principais produtos da cesta básica.
O porto fluvial de Kimbumba, localizado no município do Soyo, é uma estrutura importante que faz ponte na transportação de mercadorias idas de Luanda com destino à província de Cabinda. Os comerciantes locais afirmaram à reportagem do jornal OPAÍS que a medida está a provocar um aumento significativo dos preços dos bens de consumo no mercado em Cabinda.
“Estamos a assistir a uma subida diária dos preços, e ninguém parece preocupar-se com a situação”, lamentaram. Uma fonte justificou ao nosso jornal que a medida deve-se, provavelmente, ao contrabando de combustível, uma vez que o referido porto é apontado como sendo uma das vias que facilita o tráfico ilegal de produtos petrolíferos para a República Democrática do Congo (RDC).
As fontes por nós contactadas, ligadas ao sector do comércio, de- fendem que, ao invés de as autoridades aplicarem uma medida proibitiva na circulação das embarcações, deveriam reforçar o policiamento e melhorar a fiscalização nas áreas críticas.
“Se Kimbumba é uma rota de contrabando, deve ser protegida com maior presença policial e um controlo eficaz. Não é justo que a população sofra as consequências desta decisão.”
Por este facto, os entrevistados apelam ao ministro do Interior para reconsiderar a proibição, sugerindo alternativas como a revisão da tributação aplicada aos armadores, o que poderia contribuir para uma fiscalização mais eficiente. “Com a circulação das chatas, a situação já era difícil, agora, com essa proibição, a vida tornou-se insuportável para muitas pessoas em Cabinda”, desabafaram.
3 mil toneladas de mercadorias retiradas no Soyo
São cerca de três mil toneladas de mercadorias diversas com destino à província de Cabinda que estão retidas no Soyo. Devido à medida de suspensão da circulação das embarcações, 150 camiões com mercadorias pertencentes a 100 armadores não podem ser descarregados, o que está a preocupar os homens de negócio.
“A situação nos deixa muito tristes, porque não sabemos o motivo pelo qual o Estado tomou a de- cisão de paralisar os nossos trabalhos. Até agora não temos um aval que nos dê uma satisfação sobre as razões dessa medida. Há muito sofrimento nesta altura, porque os trabalhadores encontram-se nas embarcações e devemos mandar dinheiro para que eles possam se alimentar.
Os constrangimentos são muitos, o que está a afectar as nossas famílias e os próprios trabalhadores”, referiram. Os armadores querem que o governo tome medidas urgentes para suprimir a situação, de modo que a mercadoria possa chegar a Cabinda. Para eles, a Secil Marítima não tem capacidade para transportar os contentores do Soyo para Cabinda em quantidades maiores, conforme o têm feito.
“Por dia, transportamos cerca de 50 contentores e os cerca de 100 armadores que operam na rota pagam ao Estado uma taxa diária de cerca de sete milhões de kwanzas”, esclareceram, referindo que cada armador conta com cerca de 50 trabalhadores e, devi- do à situação que vivem, estão com dificuldades em pagar os seus salários.
Para o secretário provincial do Comércio em Cabinda, Eduardo Pitra, o Estado, como um ente de bem, vai encontrar soluções para que a situação seja ultrapassada o mais rápido possível. “Precisamos ter calma e tudo vai se resolver, porque o Estado não trabalha contra o seu povo, é apenas uma questão de organização. O Estado sabe por que fechou, haverá solução a breve trecho para a transportação dessa mercadoria para Cabinda”, garantiu