O agrónomo e ambientalista Silvano Levi entende que a transferência dos perímetros irrigados, construídos com fundos públicos, do Governo Central para os Governos Provinciais deve ser feita de forma sustentável de modo a contribuir para o crescimento económico local
Na província da Huíla, onde existem os perímetros irrigados da Matala e das Gangelas, nos municípios da Matala e da Chibia, respectivamente, o agrónomo defende a adopção de políticas que produzam os resultados para os quais foram concebidos.
No seu entender, esta transferência vai proporcionar um redimensionamento das terras aráveis acopladas aos perímetros irrigados da Província da Huíla, o que poderá trazer uma nova realidade.
“Para que a agricultura seja uma matéria-prima, precisamos desenvolver uma cultura que traga para a cidade o produto acabado, precisamos que estes perímetros sejam geridos pela Administração Local para que os mesmos possam contribuir para o crescimento”, disse.
Por outro lado, o especialista alerta para a atenção que o Governo deve ter com a ocupação de terras nas zonais mais agrícolas, como a Humpata, Chibia e Matala. Para ele, os ganhos podem ser adversos, sobretudo por pessoas que detêm algum poderio político e ocupam terrenos sem que produzam alguma coisa.
Por seu lado, Luthero Campos, também agrónomo, diz ser preciso que se estude a melhor forma de gestão destes perímetros para que não se cometam os mesmos erros do passado.
“Será que ao passar os perímetros para o gestão dos Governos Provinciais, passam também a gestão financeira? Será que haverá alguma cabimentação financeira para o efeito ou será que haverá admissão de novos quadros para os mesmos?”, questionou. Já o Presidente da Cooperativa 1° de Maio que trabalha no perímetro irrigado da Matala, Victor Fernandes, espera que com esta transferência haja mais apoios para aumentar os níveis de produção.
“Esperemos que com essa medida que o Governo está a implementar venha acabar com os nossos problemas no processo produtivo, por exemplo, a falta de sementes melhoradas, a falta de insumos agrícolas.
Não temos condições de produzir de acordo com as necessidades que nos forem apresentadas”, garantiu. O Governo Central realizou na última Quinta-feira, 7, a transferência de competências da gestão dos perímetros irrigados do país, dando cumprimento ao Despacho Presidencial N° 237/23 de 16 de Outubro que autoriza a transferência das competências da gestão dos perímetros instalados um pouco por todo o país.
Trata-se dos perímetros irrigados das províncias do Bengo, Huíla, Cuando Cubango, Moxico, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul, cuja gestão estava sob alçada do Ministério da Agricultura e Florestas.