Além do petróleo, Angola passa agora a exportar sobretudo produtos agrícolas, que representam já 20% do total dos produtos nacionais vendidos ao exterior, com os combustíveis a reduzirem o seu peso no conjunto das exportações de 94,3% para 74,3%, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao terceiro trimestre do último ano.
POR: Luís Faria
Os produtos agrícolas operaram uma verdadeira convulsão na estrutura das exportações angolanas, passando, em três meses, de pouco mais de zero por cento do total das mercadorias expedidas para o estrangeiro para 20% do total, fazendo o peso dos combustíveis (petróleo bruto e gás natural essencialmente) recuar de 94,3% para 74,3%, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística respeitante à evolução do comércio externo no terceiro trimestre de 2017.
Esta evolução da exportação de produtos alimentares agora divulgada pelo INE representa um progresso de 5.720% em relação ao período homólogo de 2016 e de 11.990% face ao trimestre anterior. No terceiro trimestre do último ano as exportações de produtos agrícolas atingiram Kz 292.479 milhões, quando em igual período de 2016 se ficaram por Kz 5.030 milhões e no segundo trimestre de 2017 não chegaram a superar Kz 2.500 milhões. Já a exportação de combustíveis registou um ligeiro recuo no terceiro trimestre do último ano, ascendendo a Kz 1.029.143 milhões, menos 18,6% que no trimestre anterior e menos 22,5% que em igual trimestre de 2016.
O aumento súbito das exportações de produtos agrícolas terá a ver com a contabilização de produtos expedidos para os países vizinhos, designadamente leguminosas, tanto quanto apurou OPAÍS. A agricultura passa assim a ser o segundo sector angolano no plano da exportação, superando largamente os produtos minerais, designadamente a produção de diamantes.No período análise as exportações angolanas totalizaram Kz 1.385.430 milhões, o que representa, graças o aumento da exportação de produtos agrícolas, um avanço relativamente ao conjunto dos três meses que o precederam (mais 3,4 %), mas uma quebra de 1,9% em relação ao trimestre homólogo de 2016.
Os produtos com mais peso, mas a grande distância dos combustíveis e dos produtos agrícolas, nas exportações angolanas, são as ‘máquinas, equipamentos e aparelhos’ (0,7% do total), os transportes (0,2%), os metais comuns (0,2%), os bens alimentares (0,2%), minerais e mineiros, produtos químicos, madeira e cortiça e óptica de precisão (todos com 0,1%). Os principais clientes dos bens nacionais foram, durante o terceiro trimestre de 2017, a China, com 52,9%, a Índia, com 6,3%, Estados Unidos, com 5,6% e Taiwan com 4,4%.Na análise do mercado de exportação por grandes regiões ressalta que principais continentes para onde foram expedidas as exportações nacionais foram a Ásia com 73,2%, a América do Norte com 9,7%, a Europa com 9,3% e África com 4,9%.
China volta a ser primeiro fornecedor
A China voltou a destronar Portugal enquanto primeiro fornecedor da economia angolana. Com efeito, no período, as importações efectuadas por Angola provieram da China (17,7% do total) Portugal (16,1%), Estados Unidos (8,0%), Brasil (7,6%) e África do Sul (6,1%). Os principais parceiros africanos na exportação foram a África do Sul, com 84,9% dos bens comprados por Angola no continente, a República Democrática do Congo, com 6,5%, a Namíbia, com 1,6 % e a República do Congo, com 1,5%. As máquinas, equipamentos e aparelhos, com 22,2% do conjunto das importações, outros produtos, com 18,3%, produtos agrícolas, com 14%, veículos e outros materiais de transporte, com 9,3%, químicos, com 7,7% e metais comuns, com 7,5%, foram os principais produtos comprados por Angola ao exterior. No trimestre a balança comercial angolana registou um saldo na ordem dos Kz 873.175 milhões, como resultado do comportamento do preço do petróleo, que se mantém o principal produto de exportação.