Em Angola, o financiamento bancário destinado à agricultura representa apenas 1% do valor global que os bancos colocam à disposição do mercado. Este número, de acordo com a vicepresidente da Associação Agropecuária de Angola (AAPA) e proprietária da fazenda Maravila, Paula Bartolomeu, expressa a fraca contribuição do sector agrícola no Produto Interno Bruto (PIB), que é apenas de 9,6 %, se com comparado à Nigéria, país em que a agricultura participa com cerca de 35% no PIB.
No frente-a-frente entre os playeres, cada parte apresentou os seus argumentos de razão, sendo que o presidente da Associação dos Bancos de Angola, Mário Nascimento, reconheceu, na ocasião, a necessidade de se apoiar a agricultura, tendo elencado que há produtos para este segmento, todavia, sublinhou, alguns agricultores desconhecem a existência dos mesmos.
Por outro lado, esclareceu que os bancos precisam de garantias para financiar e, segundo disse, muitas terras não têm títulos de propriedade que permitam efectivamente aferir a designada garantia.
Já Carlos Pachote, que pertence à SAIPA, associação que leva conhecimento aos agricultores do meio rural em como podem aceder ao financiamento, disse estarem a trabalhar em diversas províncias com o fito de os educar sobre literacia financeira, banca e seguros.
Durante o workshop, foram apontados outros constrangimentos que o sector enfrenta, os riscos biológicos (pragas e doenças que afectam as plantas), climáticos (secas, chuvas, granitos e geadas) e os riscos operacionais (falhas na logística e na tecnologia).
Para mitigar estes riscos, a Associação Angolana de Seguradoras – ASAN apontou para a existência de três tipos de seguros, designadamente o seguro de colheita, seguro de máquinas e seguro de crédito. Segundo admitiu, talvez sejam pouco divulgados.
Por sua vez, o governador do Banco Nacional de Angola, Manuel Tiago Dias, que procedeu ao acto de abertura do evento, assegurou, para o mês de Setembro do próximo ano, a entrada em funcionamento do crédito de bens e serviços para o sector agrícola.
Por: José Zangui