No sector da construção, a carteira de encomendas públicas foi determinante para a recuperação, mas não descuram a questão das barreiras que encontram para a aquisição de créditos para avançarem com êxito as suas actividades.
“Esses factores afectam directamente a capacidade de execução de projectos, especialmente os que exigem grandes volumes de capital inicial”, sublinha o INE.
Já o sector de transportes manteve uma perspectiva positiva de emprego e actividade, mas a concorrência intensa e desafios financeiros criaram obstáculos adicionais.
Em 2024, a confiança empresarial foi impulsionada por expectativas de emprego mais favoráveis. Similarmente, o comércio registou melhoria na gestão de estoques e uma predominância de produtos nacionais, embora tenha enfrentado preços elevados e burocracias que limitam o crescimento.
Apesar de uma recuperação geral, sectores como o turismo, comunicação e indústria extractiva mostraram fragilidades.
O turismo registou aumento no absentismo e dificuldades em recrutar mão-de-obra qualificada, além de uma procura ainda insuficiente.
Já na indústria extrativa, a queda na produção e exportação manteve o clima económico desfavorável, enquanto as empresas relataram falta de mão-de-obra especializada e regulamentações excessivas.
No sector de comunicação, embora houvesse expectativa de recuperação, o cenário permaneceu abaixo da média histórica, com baixa procura e dificuldades financeiras sendo os principais desafios relatados pelos empresários.
O ambiente de negócios no país, apresentou evolução em 2024, com alguns sectores mostrando melhoria no indicador de confiança.
No entanto, as empresas continuam a enfrentar obstáculos, destacando uma recuperação desigual em comparação a 2023.
Comparação com 2023
Em 2023, as empresas enfrentaram maiores desafios financeiros e operacionais em quase todos os sectores, exacerbados pelo contexto económico global e nacional.
As frequentes avarias em equipamentos, falta de insumos e a elevada carga burocrática foram reportadas, segundo o INE, como factores críticos no período homólogo.
Em contraste, 2024 apresentou avanços, mas ainda aquém de um cenário plenamente favorável. De acordo com o INE, os sectores da indústria transformadora, comércio, construção e transportes registaram melhoras no indicador de confiança, ultrapassando a média histórica da série.
No entanto, dificuldades estruturais e conjunturais continuaram a desafiar as empresas, destacando disparidades em relação a 2023.
A indústria transformadora foi um dos sectores em destaque, com menos empresas relatando constrangimentos operacionais, como falta de matéria-prima e avarias mecânicas.
A FIR sugere que, apesar das melhorias pontuais em 2024, há uma necessidade urgente de políticas públicas que abordem as limitações estruturais enfrentadas pelas empresas angolanas.
O relatório final do INE destaca ainda a relevância de uma análise setorial contínua para embasar decisões estratégicas e melhorar a competitividade empresarial em Angola.
Por: Francisca Parente