O cidadão José Dívida Francisco, de 34 anos, morreu após ser golpeado com catana, faca e blocos, pelo filho da vizinha com a qual mantinha uma relação íntima. José foi apanhado em flagrante com a vizinha, no seu quarto, pelo filho da mesma e os amigos, que o agrediram até perder a vida
Por: Romão Brandão
Foi a enterrar, ontem, no Cemitério da Mulemba, o cidadão José Dívida Francisco, morador do município do Sambizanga, bairro da Madeira, vítima de agressão física supostamente perpetrada pelo filho da vizinha, que não concordava com a relação íntima que mantinha com sua mãe.
No quarto da vítima ainda há vestígios do seu sangue no televisor, colcha e no chão à entrada da porta. Indefeso, na presença da vizinha, identificada apenas por Luzia, de 42 anos, após se terem envolvido sexualmente, foi surpreendido pelo filho dela e o seu grupo de amigos que arrombaram a por- Romão Brandão ta do quarto e agrediram a vítima. José teve ferimentos graves na cabeça, causados com catana, foi golpeado uma vez no pescoço e três vezes nas costelas direitas, para além de lhe serem arremessados blocos de cimento.
Apesar de a vizinha Luzia ter presenciado a agressão, segundo Ana Aldair Massac, irmã da vítima, nada fez para que o filho e amigos parassem o massacre. A vítima morreu no local. “Esta vizinha tem marido, mas ela tinha pela mania sair de casa para encontrar o meu irmão no quarto dele, e seduzia-o. Ela é quem gostava muito do meu irmão, e sempre que a mulher dele (e o marido dela) não estava, vinha se entregar”, revelou. O filho da vizinha, identificado apenas por Nunes, 21 anos, mais conhecido por Nunucho, encontra- se em fuga e a vizinhança não soube identificar quem foram os outros jovens que o ajudaram na agressão.
A vizinha (mãe do agressor) está detida, a prestar declarações, mas pelo facto de o crime não ser transmissível, a Polícia disse à Ana Aldair Massac que Luzia será posta em liberdade. “Ele mesmo aqui no bairro já se comportava mal, é de grupo. Neste momento está foragido, e tudo o que nós pedimos é que se faça justiça, pois isso não pode ficar impune”, exorta a irmã da vítima, em comum acordo com a mãe, dona Margarida Berrais, 52 anos de idade.
Uma vizinha que já foi amiga da mulher A vítima deixa cinco filhos, de duas mulheres, e a primeira de suas mulheres conversou com O PAÍS, reforçando que há muito tempo que desconfiava que o seu marido tinha um caso com a vizinha Luzia, tendo inclusive recebido informações de outras pessoas que os tinham visto a abandonar uma pensão.
A mulher conta que foi o seu marido quem a apresentou Luzia, sob a alegação de que era uma boa pessoa e que durante a sua ausência era ela, a vizinha, quem cozinhava para si. “Ela comia e bebia mesmo aqui na minha casa, andávamos juntas para ir vender, e a vizinha sempre me dizia que ela me traía.
Cheguei a conversar com o meu marido, mas este não acreditou em mim e chamou-me de ciumenta”, contou Tina. Tina teve inclusivamente uma discussão, ao ponto de separar-se do marido e mudar-se para o Uíge, junto de sua família.
O mote da discussão foi a relação com a vizinha Luzia. Por isso, José Dívida vivia sozinho, no quarto anexo à sua casa. Por outro lado, a família desmente a informação posta a circular segundo a qual Nunucho (o acusado) era amigo de José Dívida Francisco (a vítima), e que o primeiro terá várias vezes advertido Dívida para parar de envolver-se sexualmente com sua mãe.