Quase a completar sete meses depois da sua morte, que aconteceu em Janeiro do corrente ano, os supostos assassinos do sociólogo e professor universitário Laurindo Vieira começaram a ser julgados ontem, no tribunal de Comarca de Belas-Benfica. Estão arrolados no processo seis réus, e o cidadão que terá engendrado a acção continua prófugo
Julgados na 1.ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal de Belas, o grupo de seis réus está dividido em quatro, que respondem em prisão e dois em liberdade. Estes dois, um casal de jovens, primos, são os que terão comprado o telefone da vítima, um Samsung A13, no valor de 65 mil kwanzas.
O elemento mais importante, para além do jovem que é apontado como autor dos disparos, é um cidadão identificado por Ivan ou Camaro, que continua foragido. Camaro é quem terá projectado o assalto, aliás, segundo as declarações dos réus, no auto de instrução preparatória, foi pelo facto de este “estar fraco” (sem dinheiro) que surgiu a ideia do assalto.
Neste caso, foram detidos seis elementos, quatro dos quais envolvidos directamente na acção criminosa, nomeadamente Hélder Ricardo, de 23 anos de idade, (autor dos disparos), Adriano Júnior, de 33 anos, (tido como o elemento que tinha a missão de controlar, na viatura, cidadãos que estivessem a fazer levantamento de dinheiro), Raúl Gayeta, de 36 anos, (motorista da UGO), Cabobo (o último a ser detido e que estava na motorizada com Hélder), Gelson Manaça, de 33 anos, (comprou o telefone da vítima e revendeu à sua prima – também detida, Juliana).
Segundo as investigações do SIC, os meliantes introduziam-se nas filas de banco, faziam todas as operações que qualquer cliente pode fazer numa instituição bancária, quando, na verdade, estavam a controlar os movimentos dos outros clientes. Após identificarem as vítimas, as seguiam, e anunciavam o assalto.
“Lamentavelmente, o professor Laurindo foi vítima de uma dessas acções, quando saía de uma das agências bancárias do Patriota, numa via bastante movimentada. Foi abordado pelos meliantes, que fizeram disparo e subtraíram os seus pertences.
Foi possível recuperar o telemóvel da vítima (Samsung A13) e uma pistola do tipo Macarov (da vítima). Apreendemos também uma viatura Toyota Avanza, que era utilizada como ponte de apoio aos criminosos”, sustentou, na altura, o SIC.
Nos autos consta que, no fatídico dia, 11 de Janeiro do corrente ano, Adriano Júnior, de 33 anos de idade, recebeu a ligação do jovem “Camaro” ou Ivan, dizendo que iriam sair juntos. Apesar de estar a se sentir mal naquele dia, uma vez que tinha uma das pernas inflamada, aceitou encontrar-se com “Camaro”, que veio num carro da UGO, conduzido por Raúl.
No Patriota, nas imediações do banco BIC, “Camaro” entrou no banco, identificou a vítima, veio para dentro do carro, ligou para Hélder, também conhecido por “Pambala”, para que ficasse preparado.
Recorda-se que, no dia da detenção, em entrevista à imprensa, Hélder, o jovem acusado de ter feito os disparos, disse: “A intenção era tirar o dinheiro da vítima. Quem deu a pista é um dos elementos do grupo que não foi apanhado, chamado Ivan (que estava dentro do banco, na fila).
Fiz o disparo, porque me assustei, uma vez que o senhor tirou a sua arma e manipulou em frente de mim”. Hélder disse ainda já ter encontrado a equipa de assalto formada, foi o último a entrar, e que tinham informações de que o professor Laurindo acabava de levantar dinheiro, apesar de não saber quanto exactamente.
A arma pertencia ao “Camaro” ou Ivan, não conhecia a vítima e só ficou a saber quem era Laurindo Vieira, no dia seguinte, através das redes sociais. Foi detido no Zango, depois de receber uma ligação de Raúl, pedindo que se encontrassem para falar sobre o caso. No local, Raúl já estava com a polícia. Hélder é o menor do grupo, andava com uma mosem chapa de matrícula, disse em tribunal já ter ficado detido por furto.