Segundo o responsável pelo departamento de investigação de ilícitos penais do comando provincial da Polícia Nacional em Cabinda, subinspector Álvaro Virgílio Tomás, o suposto “quimbandeiro burlão” prometia às pessoas realizações financeiras e bons empregos e, em troca do trabalho, cobrava avultadas somas em dinheiro das vítimas.
A detenção do “falso quimbandeiro” foi possível graças a uma denúncia feita por três jovens, suas vítimas, que no princípio do mês de Janeiro do corrente ano, entregaram, cada um deles, 90 mil kwanzas ao suposto burlador.
Com o valor entregue, os jovens receberam garantias de uma compensação de 10 milhões de kwanzas cada um deles. João da Silva, uma das vítimas, contou ao jornal OPAÍS que recorreu aos poderes sobrenaturais do quimbandeiro porque estava a passar por dificuldades na vida.
Como as dificuldades apertavam, disse, foi convencido pelos amigos que, segundo contou, lhe induziram no erro, nos seguintes termos: “Como estás com esse tipo de problemas, vamos ter com um quimbandeiro para termos dinheiro rápido.
”Em troca do serviço do quimbandeiro, João Silva disse que estava disposto a “sacrificar” um dos dedos da mão direita para ter em compensação os 10 milhões de kwanzas. “Eu deveria “vender” o meu dedo para receber esse valor”, confirmou.
Revelou que, em vez de realizar o trabalho, o quimbandeiro começou a apresentar “alguns truques” que davam a entender tratar-se de um golpe, ou seja, uma burla.
Quando consultado, o quimbandeiro apresentava argumentos diferentes, prometendo hoje uma coisa e amanhã outra, isto é, mudava constantemente de argumentos. Referiu ainda que, depois do “falso quimbandeiro” receber o dinheiro, começou a pressionar psicologicamente as vítimas, usando como último argumento para afastá-las a obrigatoriedade de sacrificar mortalmente um dos membros familiares.
Perante os acontecimentos, João da Silva recorreu às autoridades competentes, no caso o SIC, fez a queixa, com o intuito de ter os valores de volta, o que levou à detenção do quimbandeiro.
O quimbandeiro, que através de artefatos de magia, garantia aos pacatos cidadãos tratamento para enriquecerem, foi actuado no município do Liambo, bairro Buco Ngoio.“
A queixa foi formulada pelos lesados, que ficaram convictos de que depois do tratamento teriam em sua posse 10 milhões de kwanzas, dinheiro este que nunca mais aparecia e denunciaram à polícia, e esta oportunamente reagiu e deteve o cidadão e a recuperação desses artefatos”, sublinhou Álvaro Tomás.
A nossa fonte mostrou “total arrependimento” por recorrer a essas práticas e aconselha as pessoas, sobretudo os jovens, a absterem-se dessas acções que envolvem feiticismo.
“Não se apressem na vida, tenham calma e que tudo chegará no seu devido momento. Nada de pressa, tudo deve ser feito de acordo com a vontade de Deus”, concluiu.
Falso funcionário público
No âmbito do combate à criminalidade, em todas as suas vertentes, o comando provincial de Cabinda da Polícia Nacional, através do departamento de investigação de ilícitos penais, realizou três micro-operações consubstanciadas em buscas dirigidas e acções encobertas que resultaram na detenção de 13 pessoas indiciadas em vários crimes.
Em consequência da operação, foram apreendidos vários meios de crimes, nomeadamente uma viatura, quatro motorizadas, 14 tacos de droga pesada tipo libanga, aparelhos de ar condicionado e vários artefatos usados para o crime de burla.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda