O serviço de investigação Criminal (SIC) em Benguela procedeu, ontem, à apresentação de uma cidadã angolana, de 34 anos de idade, que foi detida por supostamente ter burlado 20 milhões de kwanzas a um cidadão, destinados à compra de 25 toneladas de feijão. A suposta autora do crime diz ter sido traída pela oscilação de preços no mercado
Rezam os factos que um determinado funcionário bancário teria convencido um cliente de que é gestor da conta – para investir 20 milhões de kwanzas na compra de feijão.
Para o efeito, indicou a Lisa Njale (nome fictício), de 34 anos, que fosse a comerciante com quem devia fechar o negócio, uma vez estar nesse segmento de mercado há mais de três anos.
A vítima, assim sendo, procedeu, numa primeira fase, à transferência de 20 milhões de kwanzas para a conta de Lisa, de quem esperava que, ao fim de sete dias, ela fizesse a entrega do produto para, de seguida, enviar mais 7 milhões.
Entretanto, 15 dias depois, ela não honrou a palavra empenhada e o cliente, desconfiando da idoneidade da jovem, optou por accionar o Serviço de Investigação Criminal para assegurar a recuperação do seu dinheiro ou receber o produto encomendado.
Os especialistas deste órgão, por sua vez, suspeitaram, à partida, que a acção desencadeada pela jovem em causa reúne fortes indícios de se constituir num crime e encaminharam o processo à Procuradoria-Geral da República em Benguela que exarou um mandado de detenção.
A cidadã, sob custódia do SIC, alega não ter cumprido com o acordado devido à subida vertiginosa do preço do produto no mercado. A solução encontra- da por si, para agradar o cliente, foi comprar um tipo de feijão não solicitado e a um preço mais baixo.
Decidiu, deste modo, comprar 86 sacos de 50 quilogramas de uma outra espécie do grão, por 8 milhões de kwanzas, para vender a uma outra pessoa e, acto contínuo, devolver os 20 milhões de kwanzas ao primeiro cliente. “Daí, desses valores, atender à necessidade dessas 25 toneladas de feijão.
Nesta senda, o cliente fez a queixa ao SIC pelo tempo da demora na entrega da encomenda e diz que é burla. Geral- mente, tiro o produto do Lubango e da Huambo”, explica, ao confirmar o pagamento de 50 por cento, na ordem de 20 milhões de kwanzas.
A implicada justifica que, para além da subida de preços, um outro factor impeditivo para o cumprimento do acordo foi uma intervenção cirúrgica a que diz ter sido submetida, obrigando- a, deste modo, a ficar em leito de um hospital durante sete dias.
“E que também impossibilitou a conclusão das minhas vendas. Nós tínhamos acordado o prazo de uma semana, só que, no decorrer do processo, eu estava gestante e, numa das consultas, foi detectado má-formação do bebê e tive de internar de urgência para fazer a retirada do feto”, alega.
A jovem manifesta-se capaz de devolver os valores em causa, por ser negociante, e que a sua detenção pode condicionar tal acção. “Estou parada, não consegui dar seguimento a outros negócios que estão em curso”, lamenta.
Em declarações ao jornal OPAÍS e à TVZIMBO, o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal, Francisco Vieira, confirmou que a cidadã em causa é suspeita de ter burlado 20 milhões de kwanzas a um cidadão, recebidos por via de transferência bancária.
Gestor bancário em fuga
Para o SIC, tal acção foi desencadeada “em conluio com um gestor do Banco Sol, que fizeram movimento desse valor para aquisição de 25 toneladas de feijão. Não conseguiu as quantidades de feijão e foi realizando várias transferências para outras contas a seu favor, na ordem de 11 milhões de kwanzas”.
Francisco Vieira afirmou que fruto de trabalho apurado de investigação criminal foi possível deter e apreender o produto adquirido com os valores que ela teria burlado ao cliente.
Segundo o oficial de investigação, o trabalhador bancário está, neste momento, foragido, mas contra si a Procuradoria- Geral da República emitiu já um mandado de detenção.
O porta-voz do SIC disse que os operacionais da sua instituição não têm ainda noção de que parte do país é que ele deve estar, mas garante diligências investigativas tendentes à captura e consequente detenção, de mo- do a que venha a ser responsabilizado pela co-autoria do alegado crime.
“Importa aqui referir que a cidadã ora detida tem uma relação de amizade com o funcionário e foi este funcionário bancário que fez o contacto com a mesma cidadã, porque o mesmo é gestor também da conta do ofendido”, frisou.
Acrescentou de seguida: “portanto, existe já um processo- crime, que corre os seus trâmites normais e temos certeza de que, em pouco tempo, podemos proceder à apresentação do mesmo publicamente pelo crime em que está sendo arrolado”.
POR:Constantino Eduardo em Benguela