Em meio à discriminação, ao desrespeito da profissão e à responsabilização criminal, as trabalhadoras do sexo adoptaram uma estratégia de refúgio para o exercício da prostituição, com o disfarce de casas de massagens. De forma sigilosa, o negócio lucra, apesar do julgamento social e do medo de serem detidas sob a acusação do crime de lenocínio
Durante a nossa investigação, nas primeiras buscas feitas nas redes sociais, Facebook e Whatsapp, chamou- nos a atenção uma publicação da existência de uma vaga de emprego para massagista e assistente de massoterapia, no bairro Mamã Gorda, município de Viana.
A desconfiança não surgiu pelo facto de ser uma casa de massagem num bairro suburbano, mas, sim, por estarem a requisitar apenas mulher dos 18 aos 30 anos de idade, que esteja sempre disponível, com promessa salarial a rondar entre 150 e 200 mil kwanzas, e a entrevista deve ser agendada através do chat do WhatsApp.
Apesar de terem alertado que não prestam serviço de prostituição, e que se dedicavam apenas nos mais diferentes tipos de massagens, insistimos na questão dos preços e as condições de trabalho, como quem estivesse realmente interessado na vaga de emprego.
Não têm um espaço físico ou uma clínica, prestam-se os serviços ao domicílio e as massagens relaxantes e a tântrica são as mais pedi- das, com preços que variam dos 15 aos 50 mil kwanzas por sessão (que pode durar 30 minutos a uma hora).
“A massagem tântrica, como deves saber, uma vez que disseste que reúnes os requisitos para a vaga, é bem mais profunda, e se o cliente quiser algo mais, vai depender da sua negociação com ele, e deve ser de extremo sigilo”, disse o jovem que se apresentou responsável pelo recrutamento para a nossa repórter.
Numa outra clínica de estética e massagem, localizada no Morro Bento, em conversa com uma massagista, ficamos a saber que realmente existem pessoas que procuram estes locais para tirar o stress diário, com uma massagem só nas costas (15 mil kz) ou só do pé (10 kz), por exemplo.
POR:José Zangui e Stélvia Faria