Comemorou-se, ontem, 23 de Abril, o Dia Nacional da Educação de Surdos, uma data que tem como objectivo chamar a atenção para a importância da educação inclusiva para esses indivíduos, a qual possibilita a promoção da igualdade de oportunidades e do respeito às diferenças.
Por ocasião da data, o jornal OPAÍS conversou com duas professoras da escola de referência no Rangel, a conhecida “Escola dos Mudos”, em torno daquilo que tem sido os seus desafios diários. O Complexo Escolar do Ensino Especial alberga alunos com deficiências auditivas, pessoas com deficiência intelectual, problemas motores e deficiência múltiplas. E como a pretensão da instituição é de ser uma escola inclusiva tem também os alunos chamados normais.
A referida instituição trabalha há dezassete anos com a professora Adelaide Quaresma que, quando começou fazia apenas acompanhamento psicopedagógico até, em 2017, ter decidido entrar numa sala de aulas e começar a leccionar. “Neste momento, tenho quatro turmas de alunos surdos, duas da 11.ª classe e duas da 12.ª, e uma turma da 11.ª e outra da 12.ª de alunos ditos normais”, disse.
Dentro das turmas dos audíveis estão inseridos alguns alunos com problemas motores, dificuldades na aprendizagem, para que haja inserção. De acordo com a professora, o dia-a-dia destes profissionais não tem sido fácil, têm uma diversidade de alunos e o trabalho é bastante desafiante e, como se não bastasse, há carência de materiais didácticos.
Outrossim, a infra-estrutura já não está em boas condições para o exercício do trabalho e, embora tenham recebido a informação de que a escola será reabilitada brevemente, até ao momento a tão esperada reabilitação não acontece. “O Complexo Escolar de Ensino Especial precisa de mais professores, trabalhadoras de limpeza, assistentes sociais, intérpretes, entre outros.
Apesar das carências, dos problemas, procuramos sempre passar a energia positiva aos alunos, no sentido de não olharem muito para as dificuldades, tanto das suas famílias como da escola, e continuarem firmes nos estudos e no processo de aprendizagem”, disse.
Adelaide é aquela profissional que muita coisa sobre linguagem gestual tem aprendido com os seus alunos, por isso, não se vê apenas como professora que distribui os conteúdos, e procura, dentro das suas possibilidades, ajudar e interagir com os mesmos, ouvir as histórias de cada um e orientá-los com base nas suas capacidades.