As vítimas mortais são jovens com idades compreendidas entre 18 e 40 anos, residentes nos bairros Paraíso, Kaop e da Katana, no distrito urbano dos Mulenvos de baixo, de acordo com Ricardo Américo, tio de António Henrique, mais conhecido por “Paiza”, uma das vítimas.
No segundo caso, ocorrido no bairro Katana, zona da Cerâmica, três jovens foram retirados das suas casas e levados para cerca de 500 metros, onde foram abatidos a tiro, numa madrugada, há duas semanas.
Ricardo Américo descreveu, em declarações ao jornal OPAÍS, que malogrado não era delinquente, pois, não se envolvia em práticas criminosas e nunca fez parte de nenhum grupo de indivíduos que desenvolvem acções nada dignas para o convívio em sociedade.
Razão pela qual, segundo Ricardo, a família de Paiza espera que as autoridades policiais encontrem os autores desta barbaridade, de modo que se possa fazer justiça. A mesma opinião é manifestada pelos vizinhos que atestam que Paiza era um jovem calmo, com menos que 25 anos de idade, que exercia a actividade de mototáxi.
Ele vivia ainda em casa dos pais, apesar de ter dois filhos menores de idade. Ainda na primeira quinzena de Julho, no bairro Kaop, também no Município de Cacuaco, dois jovens foram encontrados mortos, de acordo com Marques Tungo, um dos moradores desta zona.
Em declarações ao jornal OPAÍS, Marques Tungo contou que as vítimas eram marginais,vulgos “batuqueiros”, e no momento em que foram abordados pelos seus algozes procuravam por um refúgio. Por essa razão, diz desconhecer a família dos mesmos.
Mas foi no campo da Cerâmica onde, de acordo com António Oliveira, morador da zona, os especialistas do SIC destacados em Cacuaco removeram mais cadáveres nos últimos 15 dias. Foram cinco no total, todos mortos a tiro.
António Oliveira, um dos entrevistados, fez ainda o relato de uma história tragicómica, que diz ter ocorrido quando arrendou um anexo da sua casa a um jovem, de quem não conhecia o histórico.
Dois meses depois, o seu inclino foi encontrado morto, queimado pela população, por ele e mais alguns amigos terem sido alegadamente apanhados em flagrante a tentarem assaltar uma residência.
António Oliveira conta que ficou bastante comovido com a situação e mesmo não tendo despejado a esposa e os dois filhos da vítima, acabaram por abandonar a casa, por vergonha.
Apesar de alguns familiares alegarem que os seus entes foram inocentes, outras há que os descrevem como tendo sido marginais altamente perigosos, envolvidos em roubo de motorizadas e assalto à mão armada em residências.
Nos últimos dois anos, segundo os nossos entrevistados, a criminalidade já esteve “em queda livre”, mas este ano voltou a estar em alta.