As palavras foram tecidas no fórum sobre educação e ensino em Angola rumo ao desenvolvimento, sob o lema Educar, Formar e Investir para Qualidade, que decorreu em Luanda, no pátio de debate público da Rádio Mais, que contou com a abertura do secretário de Estado para o ensino superior, Eugénio Silva.
De acordo com o reitor, falar de investigação científica no nosso contexto angolano pressupõe-se reconhecer aspectos ligados à independência, que, de lá para cá, melhorou alguns aspectos, mas a investigação científica continua fragilizada, considerando que a dimensão ensino é a que mais peso tem, deixando de parte a dimensão investigação e extensão.
“Mas depois de 2018, com o reforço da capacidade crítica, o Ministério do Ensino Superior fez vários diagnósticos para suprir lacunas derivadas de instrumentos jurídicos e normativos das actividades de investigação e se consegue ver vários resultados”, sublinha.
É também preocupação para o reitor a escassez de revistas científicas arbitradas em bases de dados internacionais, pelo que acredita que são factos que concorrem para o insuficiente número e visibilidade da produção científica em Angola.
“Hoje em dia, posso assegurar que nenhuma revista científica do país está integrada em base de dados como a do grupo Scielo, Scopus, Web of Science.
Também posso assegurar que não existe no país um centro nacional para catalogar livros, este código é contractivo de investigação científica relevante”, enfatizou. De acordo com o reitor, são questões muito elementares, muito básicas, mas muito importantes e que devem ser problematizadas.
“É bom que se fale mais sobre as boas práticas de investigação científica, dos princípios éticos para investigação científica, das necessidades locais do próprio país para o seu fortalecimento dessa área, e recordemos que o uso excessivo de modelos concebidos no exterior a serem implementados em Angola é outro problema que vamos enfretar para compreendermos de onde viemos, onde estamos e onde queremos chegar”, sustenta.
Além de se falar do desenvolvimento da investigação científica em Angola, foi abordado também a questão do Processo de Atribuição de Bolsas de Estudo Internas e Externas por Milton Chivela, director do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas, e o Investimentos no Subsistema de Ensino Técnico-Profissional e o Mercado de Trabalho, por Pedro Nunes, director adjunto do Instituto Nacional de Formação de Quadros.
Neste encontro, as questões referentes ao perfil de entrada, quer no ensino secundário quer no superior, bem como os perfis de saída e da empregabilidade dos diplomados e aspectos inerentes ao acesso e apoio social aos alunos enquanto competência do estado não ficaram de parte.
Foram também frisadas questões ligadas à harmonização curricular que, de acordo com o secretário de Estado para ensino superior, Eugénio Silva, é um processo que já está em curso. “Foi uma ocasião importante para debater assuntos referentes ao sistema educativo.
Educação e ensino interessam a todos os agentes que estão directamente implicados, como os professores, os alunos, os gestores, as famílias, os parceiros e todos aqueles que beneficiam do processo educativo”, disse.
De acordo com o secretário de Estado para o ensino superior, os desafios são grandes, sendo que abarcam várias áreas referentes às políticas de formação inicial e contínua de professores, assim como as políticas de apoio social aos alunos para que eles consigam concluir a sua formação.
Para encerrar o certame, discursou a secretária de Estado para o ensino secundário, Soraya Kalonguela, que saudou a iniciativa da Rádio Mais.
POR:Stévia Faria