O porta-voz do SIC em Luanda, Fernando de Carvalho, afirmou que os integrantes deste grupo de malfeitores são supostamente os autores de vários crimes de roubos qualificados em estabelecimentos comerciais, como cantinas, e nos condomínios Girassol e do BPC.
Segundo a fonte, sobre eles pesam as acusações de crimes de roubo qualificado de motorizadas, nos bairros Luanda Sul e da Regedoria, em Viana, meios que usam nas suas acções criminosas.
“Os implicados, já com passagem pelo SIC Luanda, viram a sua liberdade restituída recentemente, depois de um deles, detido em 2010, ter sido condenado a 13 anos de prisão efectiva pelo crime de roubo qualificado de viatura.
Ao passo que o outro, detido no ano de 2013, condenado pelo crime de roubo qualificado de valores monetários no banco BMF, foi solto no mês de Fevereiro do ano em curso”, detalhou.
Trata-se dos cidadãos nacionais Waldemiro Neto, de 37 anos, e João Bento, de 40 anos, que, munidos de uma informação de que nos escritórios da empresa “JotaÁfrica” havia muito dinheiro guardado e que seria fácil furtar, não hesitaram, em companhia de três amigos, em engendrar um plano e meter em prática.
Porém, ambos acabaram detidos e foram apresentados ontem, em Luanda, como marginais, estando implicados nos crimes de associação criminosa, ameaças de morte, roubo qualificado de viatura e bens diversos.
A informação de que na referida empresa havia elevadas quantias financeiras foi passada por um jovem, alegadamente conhecido por Bruno, que também almejava beneficiar do furto, conforme contou Waldemiro Neto, de 37 anos, um dos acusados.
O suposto marginal afirmou que receberam garantia da fonte de que seria fácil entrar e sair da cena do crime, bastava, para o efeito, reunirem uma equipa com “perícia” para executar a operação.
Convocaram outros supostos marginais, formando um grupo de cinco, e entraram em acção. No entanto, já não encontraram guardada a elevada quantia financeira, em valor não especificado, de que o “informante” Bruno fez referência.
Inconformados, os malfeitores decidiram não sair de mãos vazias e surripiaram alguns bens materiais que lá se encontravam, como uma viatura de marca Jetur, um televisor plasma e alguns vasos.
Viatura roubada à venda
Como nenhum deles podia ficar com a viatura, decidiram vender ao preço de dois milhões de Kwanzas, ao passo que os demais bens foram comercializados no mercado do Luanda Sul.
“O objectivo era roubar o dinheiro, dividir e fazermos as nossas vidas”, sublinhou Waldemiro Neto.
O acusado confessou, em declarações à imprensa, que é reincidente nestas práticas criminosas, na medida em que já cumpriu uma pena de prisão de 12 anos, por assalto em bancos.
O jovem, que tem mulher e dois filhos, confessou ainda que, antes de detido, fazia parte de uma quadrilha que actua no município de Viana, na zona do Luanda Sul.
Ao esclarecer as razões que o levaram a entrar no mundo do crime, Waldemiro Neto alegou que o fez por não ter tido oportunidade para ingressar no mercado de trabalho, pese embora já tenha alguma vez exercido a actividade de educador.
De acordo com a fonte, o informante seria agraciado com 200 mil kwanzas pelo seu contributo, caso a operação fosse bem-sucedida.
Outro implicado no crime, João Bento, de 40 anos, referiu que o seu envolvimento no crime se consubstanciou unicamente em ter guardado a viatura roubada.
Alegou que recebeu uma ligação de alguém próximo a dizer que pretendia guardar uma viatura no seu quintal, que, por sinal, é grande e seria retirada no sábado.
Situação que veio a se complicar, porque os efectivos do SIC chegaram primeiro ao local e, para agravar ainda mais a sua situação, encontraram no interior da sua residência três armas de fogo.
“Me encontro aqui por ajudar a guardar a viatura roubada no quintal da minha casa, em troca de uma gasosa [no valor] de 200 mil kwanzas”, disse, aparentemente com o semblante de tristeza.
João Bento contou que também já esteve detido, tendo cumprido uma pena de 8 anos de prisão, por ter ficado provado em tribunal que cometeu o crime de roubo de viatura.