Com o objectivo de diminuir os esforços empreendidos na agricultura e não permitir que haja deterioração do produto, um estudante do instituto Médio politécnico do Uíge criou uma máquina descaroçadora de milho, que ganhou o primeiro lugar da feira de inovação e tecnologia do Uíge
As dificuldades enfrentadas no seio da agricultura familiar têm sido preocupantes, e com o objectivo de ajudar a diminuir os esforços, bem como evitar que os produtos agrícolas estraguem, foi criada uma máquina descaroçadora de milho, segundo o representante do Instituto Médio Politécnico do Uíge, António Manuel, de 25 anos de idade.
A máquina descaroçadora ajuda a separar grandes quantidades de milho do caroço, em pouco tempo e com menos esforço físico. “A minha avó, no período da colheita agrícola, tem trazido grandes quantidades de milho para fazer fuba, mas o milho acaba por estragar, porque, no momento de fazer o processo de separação, o esforço físico se esgota, por conta da enorme quantidade. Eis que a criação desta máquina pode ajudar”, disse.
Recebeu como prémio um kit da Zap, um computador, um telemóvel e está habilitado a participar na Feira de Tecnologia e Inovação, que será realizada na capital do país.
Por outro lado, na segunda categoria, em energia renováveis e electrónica, esteve Celestino Duca, de 25 anos de idade, com o projecto de uma fonte de gerador portátil, que tem a capacidade máxima de 1500 watts.
Com o objectivo de trazer solução para os municípios que têm dificuldades no acesso à energia eléctrica, criou o projecto, que teve a duração de um ano e seis meses.
“Pode ser implementado nos hospitais, administrações, na agricultura, para iluminação pública e consumo domiciliar”, sustenta
Projecto educativo “Mamã Maria” vence o terceiro lugar
Com o objectivo de homenagear a sua mãe, zungueira e batalhadora, que faleceu recentemente, dois irmãos criaram um projecto educativo denominado “Mamã Maria”, que ensina noções básicas de matemática, conceito de aritmética, álgebra, lógica de financiamento, percentagens, sucessões numéricas e equações.
Os concorrentes, Daniel Afonso, de 21 anos, e Domingos Afonso, de 13, provenientes da província do Cuanza-Norte, Camabatela, venceram na categoria “educação e saúde’’, com o jogo completo de matemática “Mamã Maria”. Segundo o irmão mais velho, o objectivo é ensinar o estudo da matemática de forma fácil e simples, no telemóvel ou computador, para adultos e crianças.
Ensina ainda conceitos básicos de aritmética, álgebra, lógica de financiamento, percentagens, sucessões numéricas e equações. “Mamã Maria, que homenageia a nossa mãe – que a perdemos recentemente por doença – era uma mulher batalhadora, comerciante, que tinha também as suas dificuldades nos cálculos daquilo que era a sua renda.
Quantos mais têm esta dificuldade que podem ver resolvido o problema?”, disse. Utilizam o jogo como entretenimento para que as pessoas aprendam se divertindo.
Daniel Afonso terminou os estudos há três anos, no Instituto Médio de Gestão e Administração do Uíge, e, neste momento, reside na província do Cuanza-Norte. Até ao momento, por falta de condições financeiras, não conseguiu dar continuidade aos estudos ou inscrever-se numa universidade.
O irmão mais novo, Domingos Afonso, de 13 anos de idade, passou para a 7.ª classe, e fez o curso de criação de jogos. “O meu irmão fez o curso de informática e eu fiz o curso de criação de jogos, no Centro de Capacitação em Tecnologia de Inovação, no Cuanza-Norte.
Actualmente, os dois irmãos, após o falecimento da mãe, residem com os outros familiares mais próximos e têm enfrentado vários problemas financeiros.
Sistema hidropónico para agricultura
Mais um projecto se destacou, virado ao sector agrário, na FIT-Uíge. É o da estudante do Liceu do Uíge, no curso de Ciências Físicas e Biológicas, Ruth Silva, de 19 anos, que criou um sistema hidropónico, baseado na agricultura moderna.
É uma técnica de cultivo de hortaliças sem a utilização da terra, apenas com água e corrente eléctrica, bem como a ajuda de alguns nutrientes.
“O sistema hidropónico visa contribuir para o desenvolvimento e a diversificação da economia do país, sendo que a agricultura é um dos pontos principais para alcançar esta meta”, avançou.
Uíge está no radar da evolução tecnológica e inovação
Segundo o corpo de jurados, o director-geral do ITEL, Cláudio Gonçalves, a principal base para a escolha dos projectos, além da inovação e criatividade, foi a aplicação dos mesmos, uma vez que há aqueles que têm uma aplicação imediata, que podem, de facto, nos próximos dias, serem inseridos no mercado de trabalho.
“Uíge está, com certeza, no radar da evolução tecnológica e da inovação que o país vem vivenciando ao longo destes últimos anos.
É muito gratificante poder ver que cada ano que se realiza o FIT- Uíge, a cada edição, nós temos aqui a presença massiva dos jovens locais, que apresentam projectos bastante interessantes, inovadores e, principalmente, programas que resolvem o problema da população local”, disse.
O director disse ainda ser uma alegria imensa, uma satisfação grande poder enxergar na juventude do Uíge a preocupação com os problemas que a população local enfrenta e a iniciativa de criar soluções para resolvê-los.
Museu das tecnologias de informação expõe mais de 100 aparelhos o Museu das tecnologias de informação e Comunicação, que está em Luanda, também marcou presença na iii edição da feira de inovação e tecnologia do Uíge, com a exposição de mais de cem aparelhos usados desde os anos 70.
“Os primeiros telefones fixos e móveis, o primeiro striming, os play stations, as primeiras câmaras digitais, analógicas, televisão a preto e branco, e que, ao mesmo tempo, funcionava como rádio nos anos 70, entre outros”, disse a representante da academia nação do Saber, Cristina Gaston.
POR: Maria Custódia e Virgílio Pinto (fotos)