As armas, de diversos calibres, são recolhidas das mãos dos marginais que as usam para o cometimento de vários tipos de crimes naquele município. Viana regista, diariamente, uma média de vinte crimes
POR: Domingos Bento
O Comando Municipal da Polícia de Viana recolhe, semanalmente, das mãos dos marginais, mais de dez armas de fogo, segundo revelou ontem a OPAÍS o comandante local, Francisco Notícia. De acordo com o responsável, os bairros da Boa Fé e Kapalanga são as zonas do município que registam o maior número de armas em posse dos delinquentes, bem como doutras pessoas sem autorização legal para o seu porte. Razão por que aquelas duas zonas são perigosas e a vida dos cidadãos tem sido colocada à prova.
Francisco Notícia disse que grande parte das armas param nas mãos dos meliantes por via dos funcionários de algumas empresas de segurança que, sem instrução, acabam por dispersar esses meios, que representam o seu principal instrumento de trabalho. “Muitos dos agentes de segurança de empresas privadas são pessoas de idade e não conseguem defender-se quando surge uma situação embaraçosa. A outros, são recebidas as armas enquanto dormem ou se distraem no posto de trabalho”, detalhou.
Existem ainda armas que são encontradas em posse de filhos de polícias ou militares que, por falta de cuidados, as colocam em locais impróprios e acessíveis a qualquer pessoa. “Também temos a lamentar o facto de muitos filhos andarem com as armas dos pais. Estes, em muitos casos, nem têm conhecimento desta ocorrência e são surpreendidos quando os filhos são detidos”, frisou.
De acordo com Francisco Notícia, a corporação local, em sintonia com os órgãos de justiça, tem responsabilizado as empresas e os pais que não participam ao comando municipal quando notam o desaparecimento das suas armas. “Os agentes e as próprias empresas de segurança são orientados a apresentar queixa, sempre que houver um roubo ou perda de armas. Caso não participem a ocorrência, temos optado pela responsabilização”, disse. Acrescentou de seguida que “é importante que as pessoas saibam que só devem usar arma as entidades de defesa e de segurança ou empresas autorizadas pelas autoridades”.
Vinte crimes diários
Por outro lado, Francisco Notícia revelou que o município de Viana tem registado diariamente uma média de vinte crimes. O assalto a residências, violações e roubo são as tipologias de crimes que mais ocorrem naquela circunscrição. No entanto, reconhece ter havido uma ligeira diminuição dos crimes violentos nos últimos dias. A mesma deve-se ao facto de existir maior engajamento da população, no que diz respeito às denúncias junto das esquadras espalhadas em vários pontos do município.
O comandante disse igualmente que a falta de iluminação pública em algumas zonas do município, sobretudo nos bairros periféricos, tem facilitado as acções dos delinquentes que, muitas vezes, actuam pela calada da noite. Francisco Notícia reconheceu também que a questão da iluminação tem dificultado as acções da Polícia, quer no patrulhamento de rotina quer nas ocorrências em que a emergência é accionada. “Temos bairros onde fica-nos muito difícil chegar a tempo e hora quando somos chamados, devido à falta de iluminação ou de acesso. Nestas ocasiões, somos obrigados a redobrar o nosso trabalho. É, naturalmente, tempo perdido em acções em que deveríamos ter levado poucos minutos para dar respostas”, atestou.
Errata
Contrariamente ao que noticiamos na edição 1058, de Quarta-feira, 21 de Março, na página 12, com o título “Segurança Social na Huíla arrecada anualmente mais de 20 bilhões de Kwanzas”, vimos, novamente, por esta via, repor a verdade do facto. O Instituto de Segurança Social na Huila arrecada anualmente dois bilhões e 400mil kwanzas e não o que havíamos avançado antes. Por esse facto, queremos pedir a instituição em causa e aos nossos leitores as nossas mais sinceras desculpas pelo lapso cometido.