O único árbitro angolano no Campeonato do Mundo de futebol da Rússia, Jerson Emiliano dos Santos, garantiu em exclusivo a Rádio Mais/ Huíla que está a trabalhar para alcançar a melhor performance desportiva e representar a bandeira nacional ao mais alto nível.
O árbitro assistente angolano, Jerson Emiliano dos Santos, iniciou a carreira em 2004, na cidade do Lubango, província da Huíla. Por iniciativa própria, decidiu fazer o curso de arbitragem no anfiteatro da Universidade Mandume Yandemufayo, na supracitada cidade. O jovem de 34 anos, teve que assistir as aulas do curso em lista de espera, porque os candidatos eram acima de 100, mas quando a acção formativa terminou, haviam ficado cerca de 86 formados, por isso havia muitas vagas a serem preenchidas, e Jerson Emiliano dos Santos foi um dos escolhidos, ou seja, daí começou a sua história na arbitragem.
Após terminar a formação, Jerson, como é tratado pelos mais próximos, começou por ajuizar jogos dos campeonatos municipais e provinciais, e em 2006 foi promovido a assistente nacional. No ano seguinte, o mesmo teve a oportunidade de apitar o dérbi entre o Petro de Luanda e o 1º de Agosto, na capital do país, num jogo de capital importância para os tricolores que estavam quase a conquistar mais um título do Girabola, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão. O jovem licenciado em Matemática pelo ISCED, Instituto Superior de Ciências da Educação, núcleo do Lubango, mostrouse radiante por apitar o primeiro dérbi entre os colossos do futebol angolano, tendo, mesmo com a sua limitada experiência, feito uma boa prestação. Volvidos três anos, foi promovido para assistente internacional, tendo nesse mesmo ano participado no Torneio da Taça COSAFA, no Botswana, em que garantiu presença na final.
“Acho que a sorte já estava do meu lado, se calhar a história estava a se concretizar e tive um bom desempenho. Já em 2012, fui chamado a participar nos Jogos Africanos de Moçambique, onde também fiz boa actuação”, declarou. Ainda em 2012, no mês de Dezembro, foi convidado a participar no curso de elite da Confederação Africana de Futebol e na altura da sua chegada à sede da CAF, em gesto de brincadeira, foi alvo de zomba, com interrogações tais “como é que o presidente convidou esta criança?”. “Fiz a formação e no ano seguinte participei no Campeonato Africano das Nações(CAN), em 2013 tive bom desempenho, ou seja, apitei três jogos que me ajudaram bastante.
Daí que comecei a ser conhecido na arbitragem africana”, revelou o interlocutor. Jerson Emiliano dos Santos em 2014 esteve presente no CHAN, prova reservada a jogadores que actuam em África, na África do Sul, e, adianta, “no ano seguinte participei no CAN, nesta competição estive presente na final não como árbitro principal nem assistente, mas como reserva”. “Foi um orgulho para mim, porque ajuizei sete encontros num torneio em que, normalmente, apitados quatro a cinco jogos. Ainda em 2015, fui convidado para o Campeonato do Mundo de sub-17. Depois desta prova, é que começou a fase de eliminatórias para o Mundial da Rússia”, explicou.
“Sempre acreditei no meu trabalho”
O representante de Angola na Rússia em 2016, apitou a final do Mundial de clubes entre o Real Madrid e uma equipa do Japão. “Na minha terceira presença no CAN tive a sorte de ser um dos assistentes da final disputada entre o Egipto e os Camarões, tendo a selecção camaronesa se sagrado campeã”, recordou. O matemático assegurou que, recentemente, beneficiou de uma formação no Dubai, que serviu para limar algumas arestas, e foi crucial para fazer parte da lista dos 63 seleccionados para o certame. “Sempre acreditei no trabalho que fui realizando ao longo do tempo, mas nunca contei que fosse tão cedo, porque aos 34 anos na arbitragem, sou muito jovem, com esta idade ainda tenho a oportunidade de estar em três mundiais”, perspectivou Jerson Emiliano dos Santos.