O caso suspeito de varíola dos macacos (Mpox), que as autoridades sanitárias da província de Cabinda vêm acompanhando, desde a semana passada, deu negativo, depois de efectuados os exames laboratoriais na capital do país, Luanda
Segundo o secretário provincial da Saúde, Rúben de Fátima Buco, que deu a informação à imprensa, 24 horas após o envio das amostras das secreções das vesículas da mucosa nasal e oral para Luanda, “obtivemos, felizmente, resultados negativos dos exames”.
“Para tranquilizar a nossa população que definitivamente o caso suspeito da varíola dos macacos ou Mpox deu negativo, devemos aqui a afirmar que não existe nenhum caso positivo dessa doença na nossa província”, assegurou.
Rúben de Fátima Buco salienta que o paciente internado no centro de saúde do Zôngolo, onde foram criadas as condições de isolamento, encontra-se estável, consciente, pelo que tudo indica ainda essa semana poderá receber alta médica.
Adiantou que, na última avaliação médica efectuada, o paciente apresentava adenopatia na região cervical e, fruto da reacção imunológica, os gânglios aumentaram de volume na região cervical, o que era tributário fazer-se alguma medicação via parental, permanecendo com uma avaliação multidisciplinar não só na medicina interna, como também no tratamento da pele.
“Importante referir que, através dos seus antecedentes, acabamos de aferir que o paciente, dois dias antes de socorrer-se a uma unidade privada, fez uma injecção intramuscular com alguma medicação que não soube precisar e, fruto disso, começou com coceira e concomitantemente a formação das manchas bolhosas”, explicou o médico Rúben de Fátima Buco.
Perante esse quadro clínico, o que pode se traduzir também numa reacção alérgica imunológica a fármacos, a fonte esclarece ainda que, apesar do período que transcorre ser muito prolongado em função da situação puriginosa da pele, subinfectou as vesículas e criou pus, daí que o paciente foi submetido a um tratamento com antibióticos.
“Pensava-se inicialmente de uma doença viral, mas agora es- tamos a administrar no pacien- te antibióticos, porque vai aferir uma invasão bacteriana fruto das lesões que apresenta”, referiu.
Passadas mais de 72 horas depois dos resultados negativos, Rúben de Fátima Buco garantiu que a equipa médica encarregue do caso vai continuar a aprofundar os exames e estudar outras patologias que podem concursar com os mesmos sintomas, sobretudo os sinais visíveis a olho nu. “Há zonas que ainda precisam de algum acompanhamento intra- hospitalar”.
Medidas rígidas nas fronteiras com os países vizinhos Apesar do caso suspeito da varíola dos macacos dar negativo, as autoridades sanitárias não baixaram a guarda sobre as medidas de prevenção e biossegurança a nível da província.
Aliás, essas medidas, segundo o responsável da saúde na província, foram intensificadas, sobre- tudo a nível das fronteiras entre Cabinda e os países vizinhos, nomeadamente as Repúblicas Democrática do Congo e o Congo Brazzaville, onde a doença (varíola dos macacos) já vitimou mortalmente dezenas de pessoas.
A nível das fronteiras, foi concebido um plano conjunto de intervenção entre os órgãos de defesa e segurança, ordem interna e o sector provincial da Saúde para controlar a movimentação de pessoas nos postos fronteiriços e fazer leitura aos sinais que essas pessoas eventualmente venham apre- sentar para comunicar as autoridades sanitárias.
O objectivo do plano de contenção da doença na província visa igualmente efectuar visitas de constatação e de sensibilização das populações e dos funcionários colocados em todos os postos fronteiriços dos quatro municípios da província de Cabinda.
Para reforçar as medidas de controlo, uma equipa nacional com- posta por quadros seniores do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional da Inspecção da Saúde encontram-se, desde sábado, em Cabinda para acções de formação dos quadros locais no âmbito do combate à doença.
”Acima de tudo é capacitar os nossos profissionais e as nossas forças de defesa e segurança e ordem interna no sentido de estarem todos alinhados de forma transversal, para terem o domínio das principais manifestações clínicas da doença e, no interrogatório epidemiológico, estabelecerem-se as balizas para o combate da enfermidade”, referiu Rúben de Fátima Buco.
O plano de actividades concebi- do pelo sector, de acordo com Rúben de Fátima Buco, engloba visitas de constatação nos pontos de entrada, nomeadamente as fronteiras do Yema e Yabi e em algumas unidades hospitalares, postos e centros médicos para conferir as condições de trabalho e o seu grau de prontidão.
O plano visa também visitar alguns mercados de maior aglomeração populacional para medir a pulsação quanto ao grau de conhecimento dos cidadãos sobre a patologia e aproveitar a oportunidade para promover acções de educação para a saúde.
As autoridades da saúde em Cabinda procuram não só reforçar os materiais de biossegurança, como apelar à população na insistência de continuar a lavar as mãos com água e sabão e olhar na perspectiva dos mecanismos de transmissão da doença, através do consumo e manipulação da carne de macaco.
Com efeito, as equipas de vigilância epidemiológica e de mobilização social estão a trabalhar no sentido de sensibilizar e educar a população no que diz respeito à biossegurança, à manipulação ou ao consumo da carne de caça, à la- vagem obrigatória das mãos e ao uso de luvas na manipulação de doentes, sobretudo quando desconfiados de terem varicela ou sarampo.
POR:Alberto Coelho, em Cabinda