Apesar de ter agido em legítima defesa, o cidadão (vítima da tentativa de roubo) encontra-se sob custódia policial. No entanto, a Polícia não revelou a sua identidade nem a dos marginais
POR: Paulo Sérgio
Dois supostos marginais foram baleados “à queima- roupa”, por volta das 16horas de ontem, na centralidade do Kilamba, em Luanda, ao tentarem roubar uma viatura de marca Mitsubishi, modelo L200. Um deles morreu no local e o outro foi socorrido pelos efectivos da Polícia Nacional para uma das unidades hospitalares, onde recebe cuidados médicos. Os presumíveis meliantes, segundo apurou OPAÍS, circulavam abordo de numa motorizada preta e marrom, de marca Yamanha, modelo FZ, armados com uma pistola Star. Ambos abordaram o casal que estava dentro da viatura, defronte ao centro infantil do Quarteirão M.
O que eles não terão previsto, era a eventualidade de uma das potenciais vítimas ser efectivo de um dos Órgãos de Defesa e Segurança Nacional. Pelo que, o que para ambos seria “apenas” um simples roubo de rotina para constar na sua ficha de ilícitos e da qual sairiam ilesos, acabou por se revelar numa aguda tragédia si e as suas famílias. Uma das vítimas do roubo, de acordo com testemunhas, é quadro da Polícia Nacional e estava armado. Ao se aperceber do assalto eminente, o condutor do veículo reagiu, sem dar-lhe possibilidades de fuga, afectuando alguns disparos que provocaram a morte imediata de um dos dois marginais, cujas identidades e idades ainda não haviam sido apuradas até ao fecho da presente edição.
O som dos disparos causaram um enorme susto aos adultos e às crianças que se encontravam no interior da creche, sendo, para maioria delas, a primeira vez na vida que se depararam com uma situação do género. Uma das vítimas estava trajava roupas escuras e a outra estava vestida de azul e cinzento. Ambos envergavam capacetes e casacos, mesmo sob o sol ardente que ontem se fazia sentir na capital do país. Os munícipes accionaram as forças da Ordem Pública, que ao cenário fizeram deslocar uma equipa de efectivos do Serviço de Investigação Criminal para a devida perícia e remoção dos corpos. O intendente Mateus Rodrigues, director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação Provincial de Luanda do Ministério do Interior, não confirmou nem desmentiu que o autor dos disparos seja membro da corporação. Num comunicado de imprensa divulgado ontem, o intendente esclareceu que a vítima do roubo também estava munida de arma de fogo e reagiu ao crime, tendo alvejado mortalmente um dos suspeitos e ferido outro. “Apesar de ter agido em legítima defesa, o cidadão (vítima da tentativa de roubo) encontra-se sob custódia policial”, afirma.
Morre mais um dos três polícias baleados pelo comandante
Este crime ocorre no mesmo dia em que um dos dois agentes da corporação que ficaram feridos, na sequência de vários disparos alegadamente efectuados pelo comandante da Polícia Nacional do Distrito do Patriota, ter morrido numa das unidades hospitalares de Luanda. O terceiro agente baleado na mesma ocasião contínua sob cuidados médicos. Já o agente Fernando António, de 43 anos, não resistiu aos ferimentos causados, sendo dois que perfuraram a sua cabeça e quatro o peito, que pouco depois morreu no carro da Polícia da Divisão em que trabalhava. Conforme noticiou OPAÍS na edição de Quinta-feira, a delegação provincial de Luanda do Ministério do Interior ordenou a instauração de um inquérito para se apurar as causas do crime e se os projécteis saíram efectivamente da arma atribuída ao comandante da referida esquadra. O porta-voz desta instituição, intendente Mateus Rodrigues confirmou a detenção do oficial superior, que na última Terça-feira, 13, por volta das 19:00, disparou contra três de seus colegas.