Cerca de 2 mil pessoas é o número de fiéis e turistas que acorreram ao santuário da Muxima. A maior parte hospedou-se em tendas e outros tiveram de se albergar em casa dos moradores locais, pagando uma taxa de arrendamento. Ao jornal OPAIS, a adminsitradora municipal garantiu dias melhores com a conclusão da basílica que vai impulsionar o turismo religioso
Caiu, ontem, o pano sobre a peregrinação ao Santuário da Muxima, que, este ano, teve como centro da abordagem a criança. Na retoma a tradicional peregrinação ao Santuário, depois de alguns anos de interregno por causa da Covid-19, a questão do alojamento e serviços de restauração, marcou, uma vez mais, o centro das preocupações de quem acorreu àquele palco mariano de fé.
Os números apontavam para duas mil pessoas que acorreram a Vila da Muxima para assistir ao maior evento mariano de adoração e fé em África, pelo que, uma vez mais, a zona mostrou-se incapaz de acolher a esse grosso de fiéis e turistas, sendo que, parte destes, provenientes de outras partes do país e até mesmo do mundo.
Para além das tendas pessoais e outras disponibilizadas pelo Governo Provincial de Luanda, alguns fiéis e turistas socorreram-se das casas dos moradores, pagando uma taxa de arrendamento, cujo valor dependeu da negociação entre as partes. Também as duas unidades hoteleiras existentes no município não conseguiram dar resposta à necessidade, tendo em conta que as mesmas há já algum tempo que andam ocupadas com parte dos técnicos envolvidos na construção da Basílica da Muxima, cuja conclusão da mesma, segundo a adminisiltradora municipal, Elizabeth Rafael, dará maior alento ao turismo religioso.
Em declarações ao jornal OPAIS, Elizabeth Rafael disse reconhecer as dificuldades que os visitantes passam quando o assunto diz respeito à acomodação e restauração, sobretudo no período de realização da peregrinação à Muxima, mas esta preocupação, assegurou, deixará de ser um “quebra-cabeça”, tendo em conta o projecto de requalificação da vila sede do município, com a basílica no centro, o que vai garantir maior alento a quem lá for, futuramente.
Segundo ainda a administradora, por enquanto as condições de acomodação ainda são as mais precárias, pelo que os munícipes e visitantes devem manter a paciência até à conclusão da referida basílica, cujo lançamento da primeira pedra, para a sua construção, foi feita, o ano passado, pelo Presidente da República, João Lourenço. Na altura, o Chefe de Esta- do explicou que, do processo de construção da basílica, o projecto maior é o da requalificação da Vila da Muxima, que incluirá o Santuário, muito mais moderno com a nova catedral, e vai melhorar essencialmente as condições de vida das populações lo- cais e potenciar a actividade turística, em particular o turismo religioso.
Por dentro da fé
Três foi a quantidade de dias que os devotos permaneceram no Santuário da Muxima, o maior palco mariano de adoração e fé em África que levou, ao município da Quissama, pessoas de várias idades e status social entre públicas e anónimas. Entre as entidades governamentais que estiveram presentes, no último dia, cuja missa foi celebrada pelo bispo Dom Emílio Sumbelelo, estiveram presentes o governador provincial de Luanda, Manuel Homem, a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Ana Paula Sacramento Neto e a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião.
Preces a favor da família, da saúde, emprego, estabilidade financeira, emocional e o bem-estar social fizeram parte das orações e adorações à venerada imagem da mamã Muxima que, este ano, concentrou a sua abordagem na problemática da criança, a quem a igreja apelou por maior atenção por parte de todos os segmentos da sociedade, como exortou o padre da Diocese de Viana, Joaquim Tchingulessy, na missa do segundo dia do evento O Padre disse ser necessário cuidar e proteger as crianças para o bem da Nação, pelo que se deve denunciar quaisquer actos que põem em causa a dignidade e a integridade física deste segmento populacional.
“A criança não é para bater, não é para pontapear. É para proteger”, defendeu. De referir que as origens do Santuário remontam ao ano de 1599 e logo se converteu num importante centro do cristianismo, sendo o lugar onde se baptizavam os africanos antes de embarcá-los como escravos para diversas localidades do mundo. Em Outubro de 2013, a imagem da Nossa Senhora, a principal referência do Santuário, foi alvo de tentativa de destruição, num dos maiores actos de ‘intolerância religiosa’ já registados no país, ficando com alguns da- nos que foram prontamente recuperados.