Nove casos suspeitos e dois confirmados. O primeiro é de uma cidadã de nacionalidade congolesa, de 28 anos de idade, e o segundo é de sua filha, de 2 anos de idade.
O caso foi registado no município do Cazenga, província de Luanda, que está situado numa área suburbana com uma população estimada em 1.347.000 habitantes.
Segundo uma nota do MINSA, os dois estão a receber assistência médica no Centro Especializado de Tratamento de Endemias e Pandemias (CETEP), enquanto um total de 11 contactos dos casos confirmados foram identificados e estão em quarentena e em monitorização para prevenir a propagação.
O Plano de Resposta ao Mpox foi activado pela Comissão Técnica e as equipas de resposta rápida dos níveis central e provincial foram mobilizadas para apoiar o município afectado.
Enquanto isso, em Cabinda, as medidas, segundo os responsáveis locais da saúde, foram intensificadas, sobretudo ao nível das fronteiras com os países vizinhos, nomeadamente as Repúblicas Democrática do Congo e o Congo Brazzaville, onde a doença (varíola dos macacos) já vitimou mortalmente muitas pessoas.
Nas fronteiras, foi concebido um plano conjunto de intervenção entre os órgãos de defesa e segurança e ordem interna e o sector da Saúde, para controlar a movimentação de pessoas nos postos fronteiriços, no intuito de se fazer uma leitura aos sinais que essas pessoas eventualmente venham apresentar e comunicar às autoridades sanitárias.
O plano de contenção da doença na província contempla ainda visitas de constatação e de sensibilização das populações e dos funcionários colocados nos postos fronteiriços dos quatros municípios da província de Cabinda.
Com efeito, foram criadas equipas multissetoriais construídas por efectivos do SME (Serviço de Migração e Estrangeiro), da Polícia de Guarda Fronteira, da Polícia de Ordem Pública, das FAA e técnicos do sector da saúde para identificar e fazer o rastreio nas fronteiras para os casos que se identificam como suspeitos, bem como assegurar as medidas de prevenção e biossegurança na fronteira comum.
Medidas de biossegurança salvaguardadas
Segundo o responsável da Saúde Pública em Cabinda, Gabriel Nionge, as medidas de prevenção e biossegurança ao nível das fronteiras, como a lavagem e a desinfecção das mãos com álcool em gel, a medição da temperatura corporal para quem entra e sai do território nacional para os países vizinhos está assegurada.
Gabriel Nionge deu garantias de que, até ao momento, a província de Cabinda não tem qualquer registo de casos da doença da varíola dos macacos, mas se mostrou preocupado com a vulnerabilidade das nossas fronteiras com os países vizinhos.
“Já estamos a trabalhar no sentido de activar as equipas de respostas rápidas que irão junto das comunidades fazer a colheita das amostras sobre os casos suspeitos”, referiu o responsável da Saúde Pública em Cabinda.
As equipas de respostas rápidas, esclareceu, vão ao encontro de qualquer caso suspeito que apresente um quadro febril seguido de erupção cutânea para fazer o rastreio dos contactos dessa pessoa, que estará no isolamento até que se acompanhe a sua evolução clínica.
Adiantou, em conferência de imprensa, que as unidades de saúde na província estão orientadas a criar salas específicas para os casos suspeitos de apresentarem sintomas da doença da varíola dos macacos.
“Ao nível da província, temos as condições criadas para fazer o rastreio dos contactos e recolher as amostras que podem ser analisadas localmente para o despiste das doenças de interesse da saúde pública, ou enviá-las para o Instituto Nacional de Investigação e Saúde, onde temos as condições criadas para a confirmação dos casos suspeitos”, disse.
No aeroporto de Cabinda e no terminal marítimo de passageiros foram destacadas equipas técnicas da área da saúde pública para identificar e rastrear os passageiros provenientes de Luanda.
Para reforçar as medidas de controlo, quadros seniores do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional da Inspecção da Saúde estiveram em Cabinda para administrar acções de formação aos quadros locais no âmbito do combate à doença.
O plano de actividades concebido pelo sector, de acordo com Rúben de Fátima Buco, secretário provincial da Saúde em Cabinda, engloba visitas de constatação nos pontos de entrada, nomeadamente as fronteiras do Yema, Yabi, Necuto, Massábi e em algumas unidades hospitalares, postos e centros médicos para conferir as condições de trabalho e o seu grau de prontidão.
O plano visa também visitar alguns mercados de maior aglomeração populacional para medir a pulsação quanto ao grau de conhecimentos dos cidadãos sobre a patologia e aproveitar a oportunidade para promover acções de educação para a saúde.
As autoridades da saúde em Cabinda procuram não só reforçar os materiais de biossegurança, como apelar à população na insistência de continuar a lavar as mãos com água e sabão e olhar na perspectiva dos mecanismos de transmissão da doença, através do consumo e manipulação da carne de macaco.
Com efeito, as equipas de vigilância epidemiológica e de mobilização social estão a trabalhar no sentido de sensibilizar e educar a população no que diz respeito à biossegurança, à manipulação ou ao consumo da carne de caça, à lavagem obrigatória das mãos e ao uso de luvas na manipulação de doentes, sobretudo quando desconfiados de terem varicela ou sarampo.
Uíge reactivou a equipa de resposta rápida
Lindeza Ndombele, chefe de departamento de saúde pública da província do Uíge, disse que desde Abril que esta região activou o alerta de vigilância epidemiológica, sobretudo nos municípios do Makela do Zombo, Kimbele e Milunga.
No município do Bembe, foi activado também pelo facto de este fazer fronteira com a província do Zaire. “As equipas de resposta rápida também foi activada por ter técnicos capacitados a dar resposta a surtos.
Neste momento, estamos a fazer uma visita de constatação a nível dos municípios para auferir o cumprimento das orientações.
Estivemos, ontem, no Maqueela do Zombo, onde visitamos a unidade sanitária municipal e a fronteira do Kimbata”, disse. Lindeza acrescentou ainda que estão a levar a cabo sensibilização, a nível das comunidades, e no domingo vão “atacar” as igrejas. Estão a trabalhar também com os sobas, os chefes de sectores, entre outros.
Os centros de tratamento de Covid estão a ser preparados para, no caso de registarem casos suspeitos, servirem como centro de tratamento de Mpox ou local de quarentena enquanto se espera a confirmação.
Lunda-Norte busca interacção com quatro províncias da RDC
O director provincial da saúde na Lunda-Norte, Gime Nhunga, disse ao jornal OPAÍS que esta província nunca baixou a guarda, pois partilham uma vasta fronteira com a RDC, mais de 700 quilómetros terrestre e fluvial.
A Lunda-Norte partilha a fronteira com quatro outras províncias da República Democrática do Congo. Está-se a criar uma plataforma, através do Consulado da RDC no Dundo, entre a Lunda-Norte e os ministros de Saúde das quatro províncias da R.D do Congo que fazem fronteira, para interagirem e redobrarem a vigilância. Vão reactivar as equipas de resposta rápida e formar mais técnicos.
“Os delegados provinciais da saúde, que lá na RDC chamam ministros da saúde, das quatro províncias que fazem fronteira com a LundaNorte, sempre se mostraram disponíveis a colaborar, pois a nossa relação na época da Covid foi salutar.
O problema é que os ministros com os quais trabalhamos naquela altura já foram mudados, por isso pedimos ao Consulado que nos ajude a reactivar este contacto”, sustenta.
Reconheceu não ser fácil o controlo, porque maior parte dos que entram no nosso país fá-lo de forma ilegal, mas procuram redobrar a vigilância. Colaboram com os colegas da saúde da Polícia de Guarda Fronteira, no sentido de estarem alertas e reportarem os casos suspeitos.
Pelo menos três amostras de casos suspeitos foram mandadas para Luanda, segundo o delegado da saúde da LundaNorte, mas que felizmente deram negativo.
“Volto a referir que não é fácil, porque maior parte dos congoleses entra de forma ilegal, mas estamos a sensibilizar a população no sentido de todos serem activistas desta causa e reportarem às autoridades”, sustenta.
Importa frisar que o jornal OPAÍS tentou o contacto com a delegação provincial da saúde do Zaire, bem como o MININT, pelo facto de também partilharem a fronteira com o Congo, mas até o fecho desta edição não tivemos algum pronunciamento.
Sintomas no ser humano
Essa doença manifesta-se através de febre, dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, linfoadenopatia (aumento dos gânglios linfáticos) e erupções cutâneas generalizadas (manchas, lesões ou bolhas na pele) ou lesões nas mucosas.
O período de incubação da doença varia de 5 a 21 dias. Transmite-se de pessoa a pessoa, por contacto próximo com secreções, lesões da pele de uma pessoa infectada ou com objectos e superfícies contaminadas.
O MINSA recomenda à população que adopte e reforce as medidas de prevenção, para reduzir o risco de transmissão da doença.
Apela igualmente ao reforço das práticas de higiene, designadamente a lavagem frequente das mãos e o uso de desinfectantes em áreas públicas e residências, evitar o contacto físico com pessoas que apresentem os sinais e sintomas acima referidos, bem como com materiais e utensílios por elas usados.
Por: Alberto Coelho e Romão Brandão