Em Novembro, a instituição sofreu um “corte” e já não recebe válvulas de drenagem, um material importante nas intervenções cirúrgicas de hidrocefalia, orçadas em 1.500 dólares. O responsável teme mais penalizações.
POR: Afrodite Zumba
O director-geral do Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia (CNCTH), Mayanda Inocente, revelou a OPAÍS que a falta de reconhecimento da instituição como organismo de utilidade pública por parte do Estado pode provocar a suspensão de parcerias estabelecidas com alguns organismos internacionais, com o objectivo de ajudar os pacientes. À margem da visita do secretário de Estado da Saúde para Área Hospitalar, Valentim Matias, realizada nesta Sexta-feira à instituição, o responsável explicou que o “vínculo directo com o Estado” é uma das exigência das organizações científicas internacionais para continuarem a cooperar com o referido centro, que semanalmente opera mais de sete pacientes com hidrocefalia.
“Receamos que a qualquer momento as nossas ajudas do exterior cessem, por não sermos ainda reconhecidos. Desde Novembro que deixamos de receber as válvulas de drenagem”, lamentou. Deste modo, apelou ao Ministério da Saúde (MINSA) a intervir para a regularização da situação, porquanto tal reconhecimento facilitará o acesso aos protocolos internacionais que vão contribuir para a redução das despesas inerentes à evacuação dos doentes, por Junta Médica, para o exterior do país. Actualmente, o Estado tem gasto cerca de vinte mil dólares americanos com cada paciente que é enviado para o exterior, valores que podem ser reduzido caso o centro seja elevado à categoria de instituição pública. Mayanda Inocente salienta, de igual modo, que há necessidade de o seu centro ser orçamentado pelo MINSA, de maneira a que as cirurgias se tornem gratuitas.
De momento, as famílias dos pacientes internados têm de fazer uma comparticipação de 150 mil Kwanzas e muitas não têm condições financeiras. Além das despesas hospitalares, somam-se as do transporte, hospedagem e alimentação que pesam no bolso de quem deixa outras províncias do país em busca de atendimento especializado em Luanda. Hospitais juntam-se à causa Após ser informado sobre as dificuldades que o CNCTH enfrenta, o secretário de Estado da Saúde para Área Hospitalar, Valentim Matias, por seu turno, garantiu que as transmitirá à titular do sector, ministra da Saúde, Silvia Lutucuta. Entretanto, como medida paliativa, orientou a concertação de estratégias com as direcções dos hospitais Josina Machel e Pediátrico David Bernardino.
O Centro Neurocirúrgico e de Tratamento da Hidrocefalia (CNCTH) foi inaugurado em Junho de 2015, com o objectivo de reduzir a morbi-mortalidade, através de cirurgia de crianças portadoras de Hidrocefalia, Espinha Bífida e Crânio Bífido, Tumores Cerebrais, Lesões craniofaciais e outras máformações congênitas. O projecto de iniciativa de investigadores privados, que atende crianças provenientes das 18 províncias do país, está localizado localizado no Kifica, ao Benfica, município de Belas, em Luanda. Designa-se Espinha bífida a malformação congênita relativamente comum caracterizada por um fechamento incompleto do tubo neural.