As atribulações que passam os homens do volante que, dia e noite, usam a Estada Nacional n.º 105 tem estado a causar inúmeros danos físicos e matérias para to- dos os intervenientes no processo de transportação de bens e pessoas, o que levou os automobilistas a apelidarem o troço Bengue- la/Lubango de “a via-sacra” dos condutores.
O tempo que se leva para fazer o referido percurso, de acordo com alguns automobilistas que falaram à nossa reportagem, é de elevado sacrífico e martírio em função das crateras que se formaram ao longo do tapete asfáltico.
Por conta destas dificuldades, os camionistas e utentes de veículos ligeiros que circulam no referido troço, particularmente no perímetro Lubango/Cacula, Cacula/Benguela, estão revoltados e questionam sobre o destino que é dado aos montantes arrecadados pelo Governo através do Imposto Sobre os Veículos Motorizados (IVM). Elias Gabriel é um dos camionistas que circula naquela estrada há mais de uma década.
O motorista contou sobre o sacrifício que passa de trafegar no referido tapete asfáltico, tendo revelado que a viagem de Lubango a Benguela tem uma duração de 12 horas. O longo tempo de viagem, de acordo com o nosso interlocutor, se deve ao mau estado da via, caracterizado pela presença de crateras a que os mesmos apelidaram de cacimbas, o que tem causado danos às viaturas. “Normalmente, a viagem do Lubango a Luanda leva dois dias. Agora que os buracos estão a aumentar na estrada, nós partimos do Lubango às seis horas da manhã, mas só chegamos a Benguela por voltas das 18 horas.
A nossa questão é que pagamos a taxa de circulação. Quando as nossas viaturas são danificadas pelas más condições das estradas”, lamentou, “nem o Governo nem a empresa encarregue pela construção das vias aparecem para as- sumir os danos”. Por seu lado, Paulo Baptista, camionista com 18 anos de serviço, dedica-se à transportação de materiais sensíveis, concretamente vidros. Para ele, de Luanda a Lubango, a viagem demora cinco dias por conta dos buracos que convivem com os homens do volante há décadas. Conforme referiu, as péssimas condições da referida estrada faz com que o transporte de mercadoria seja feito apenas no período nocturno.