No evento de assinatura dos acordos, no Complexo Industrial da Carrinho, no bairro da Taka, ficou patente a ideia de que os números da importação de produtos da cesta básica, superiores a USD 200 milhões mensais, surpreendem, daí que se sugira uma aposta séria na transformação e produção, com recurso à indústria local, sendo esse o mote para a assinatura de dois acordos entre os Grupos Carrinho e Anseba.
Subscreveu o acordo de transformação alimentar, do lado da Anseba, o presidente do conselho de administração, Kalab Berhe, ao passo que, da parte da Carrinho, Dércio Catarro, CEO da Carrinho Indústria, rubricou o documento.
Nos termos dos acordos, com duração de um ano, período renovável, a empresa eritreia, que neste momento explora as 12 lojas da rede de supermercados Kero, mediante contrato temporário, passa a transformar a sua matéria-prima no Complexo Industrial da Carrinho, na província de Benguela.
À imprensa, após a assinatura, o CEO da Carrinho Indústria, Dércio Catarro, manifestou-se optimista em relação à actual capacidade instalada do país, que, na óptica do responsável, pode dar alimento ao povo, numa clara alusão à transformação local.
Aquele responsável sustenta, a título de exemplo, que só o Grupo Carrinho detém um complexo com capacidade instalada de 1,5 milhões de toneladas/ano. Para Catarro, os acordos com a Anseba são uma pequena amostra de que o Grupo Carrinho pode servir os operadores comerciais.
Questionado sobre a situação da importação de produtos da cesta básica, apesar de capacidade instalada de que tanto se fala, frisou que só as entidades públicas devem abordar se há ou não excessos na importação.
Ele reforça que a Carrinho pode assegurar 60 por cento das necessidades do país, em termos de transformação de matéria, em função da capacidade instalada, a julgar pelo facto de, actualmente, explorar-se apenas 30 por cento, cinco anos após a inauguração do complexo industrial, constituído por 17 fábricas.
Informações indicam que a Anseba vai transformar e embalar o óleo bruto, o palmar e girassol, numa estrutura de refinação capaz de processar 800 toneladas por dia, assim como o milho e o trigo, em fábricas com potencial para duas mil toneladas e 800 toneladas diárias, respectivamente.
O Grupo Anseba, pertencente à Repartição Fiscal dos Grandes Contribuintes, tem na experiência da Carrinho uma «lufada de ar fresco» para, em certa medida, cimentar o seu estatuto de grande fornecedor de produtos da cesta básica a nível do país.
O director jurídico, Mário Arão, sustentou que a refinação e a transformação são como que um desafio que deverá mexer com os produtores nacionais. De acordo com o responsável, “vamos processar a matéria-prima adquirida lá fora, mas a nossa prioridade é a produção local, nós incentivamos”, asseverou, ao acrescentar que o acordo se afigura uma mais-valia para grupo empresarial de que é assessor jurídico.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela