A atleta do 1.º de Agosto, Lia Lima, de 23 anos, disse que não se sente acompanhada pela Federação Angolana de Natação (FAN) no processo de treinamento e competições em que participa.
Lia Lima explicou que recebeu, em Novembro de 2023, uma advertência, assinada pelo presidente da FAN, Joaquim Santos, que não entendeu a razão, tendo acrescentando que pediu várias vezes explicação ao órgão reitor e até à data nunca respondeu os seus e-mails.
A nadadora, que também representa em Portugal o Sport Lisboa e Benfica, sublinhou que o facto de ser advertida, sem razão na altura, deixou-a muito triste e desmotivada. Em relação ao apoio financeiro, Lia Lima recebeu uma bolsa da World Aquatics (WA), por via da FAN, cuja primeira ‘tranche’ de- veria ter sido paga em Fevereiro deste ano, mas uma parte do dinheiro chegou a Portugal no dia 19 de Abril.
“O que significa que toda a minha preparação para o Campe- onato Africano da modalidade, prova que decorreu na Piscina do Alvalade, foi custeada pelos meus pais”, contou. A nadadora, que tem como fonte de inspiração, em Angola, Yara Lima, Jorge Lima e Ana Lima, realçou que os resultados deixaram mais perto do sonho olímpico. “Eu sou a número 1 do ranking nacional e no Campeonato Africano aumentei a distância de pontos em relação às minhas colegas. Mas tudo está em aberto até o período de qualificação estar fechado. Para isso, continua- rei a trabalhar”, prometeu.
Quanto ao segredo da conquis- ta da medalha de prata, Lia Lima contou a única medalha que o país conquistou no Africano foi fruto de muito trabalho e investimento na preparação. “Desde o início desta época, os meus pais disponibilizaram mais valores, dinheiro, para a minha preparação.
Passei a fazer mais treinos em piscina de 50 metros, passei a ser seguida por uma nutricionista e também passei a tomar suplemen- tos que permitem ajudar o meu organismo a aguentar melhor as cargas de treino”, revelou. Lia Lima, que tem como fonte de inspiração a nível mundial de Sarah Sjöström, Chad Le Clos e Michael Phelps, afirmou que aumentou, também, o número de sessões de fisioterapia: antes fazia 2/semana e ultima- mente tem feito 5/semana.
“Devo acrescentar também uma forte motivação para me superar e graças a Deus foi o que aconteceu. Esta época já bati três recordes nacionais absolutos e um sénior. O recorde dos 100 metros mariposa em piscina de 25m bati três vezes”, explicou.
“É importante criar elites por escalões”
Durante a entrevista, Lia Lima aproveitou falar sobre o estado actual da natação angolana, tendo revelado que o país precisa formar campeões, ou seja, investir na formação de monitores, treinadores e um ter um bom acompanhamento dos atletas. A única atleta angolana medalhada no Africano de Luanda referiu que é imperioso criar elites por escalões, a partir de juvenis e juniores.
Daí começar um trabalho árduo. “Eu saí de Angola em 2017, para poder sonhar com voos mais altos na natação. Graças a Deus, tenho tido algumas conquistas que me fazem acreditar que foi a melhor opção e o sacrifício valeu a pena. O que vejo, é que, desde essa altura, a nossa natação continua na mesma”, analisou. Lia Lima é de opinião que para um nadador poder sonhar com outros patamares, tem que criar condições para sair do país. “E assim, muitos talentos se perdem por não conseguirem essa oportunidade”.