Mais de 30 jovens angolanos descobriram o gosto pelo críquete, desporto que usa bola e tacos, na Escola João Beirão, adjacente aos Quatro Campos, no município “satélite” de Viana, em Luanda
Durante três horas, de Segunda-feira a Sexta-feira, rapazes e meninas de vários pontos da capital angolana deslocam-se à Escola João Beirão, adjacente aos Quatro Campos, para aprenderem o críquete, modalidade de origem inglesa, no século XVI, que depois se espalhou para o Paquistão e a Índia.
As sessões de treino decorrem num campo em formato oval, na Escola, sob o olhar atento e rigoroso do treinador indiano, Nilesh Mehda. O mentor do projecto, que também tem ajudado a dar um novo visual à Escola João Beirão, bem como apoia a comunidade com alguns bens de primeira necessidade, contou que o sonho aos poucos vai se tornando uma realidade.
“Estou muito contente, porque para mim isso é um sonho que está a ser realizado, desenvolver o críquete em Angola, uma vez que já tenho recebido apoio da administração municipal de Viana”, disse.
Nilesh Mehda acrescentou que tem recebido o apoio dos pais dos atletas, visto que têm permitido que os mesmos possam aprender o críquete. “Muitos pais desconhecem, ou seja, não conhecem este desporto.
Ainda assim, de alguma forma, temos recebido o devido incentivo”, reconheceu o administrador da comunidade indiana em Angola.
O responsável revelou que o trabalho de massificação começou com apenas três jogadores, mas agora são 36 atletas de ambos os sexos, tendo assegurado que o material desportivo que os meninos utilizam são da sua responsabilidade.
“Coach”, como é carinhosamente tratado pelos atletas, afirmou que o segredo para quem quer aprender este desporto é a persistência. “Antes tínhamos jovens que só frequentavam o campo da escola João Beirão para recolher lixo, depois ganharam o gosto e hoje são exímios jogadores”.
O entrevistado garantiu que o críquete, que está a ser praticado de forma amadora,não se limita aos jovens da escola ou da zona dos Quatro Campos, mas é para os angolanos que se mostrarem interessados.
Tacado em ritmo acelerado
A jovem atleta, Luzia dos Santos, de 18 anos, começou a praticar o críquete no mês de Agosto por influência da sua amiga, cujo nome não revelou, que jogava há três meses.
Luzia dos Santos assistiu a primeira sessão de treinos, na qualidade de convidada, depois acabou por descobrir o gosto por este desporto.
“Assisti um treino da minha amiga e gostei mesmo muito, ou seja, me apaixonei pela arte de movimentar o taco”, contou. A jovem considerou o críquete é um desporto cheio de emoção, mas menos cansativo que outras modalidades colectivas.
Apesar de existirem tacos bem pesados, Luzia dos Santos aconselhou os jovens a apostarem na prática deste desporto.
Partilha da mesma opinião o jovem Roberto Horácio, de 16 anos, salientando que os demais devem aproveitar o tempo livre para praticarem desporto, em particular o críquete, porque faz bem à saúde, uma vez que põe o corpo em constante movimento.
Por esse motivo, Roberto Horácio garantiu que não vai desistir do críquete, desporto que no continente berço da humanidade já é praticado por alguns países.
O jovem, que joga esta modalidade há três anos, revelou que conta com o apoio dos seus pais, tendo revelado que o seu sonho é ver formada uma Selecção Nacional de críquete, a exemplo de outros desportos.
“Não temos muita gente a praticar, mas os q u e m o v i m e n- ta m os do críquete são os indianos que aos poucos vão nos ensinando”, realçou.