No comunicado da Federação Angolana de Futebol (FAF), número 31SG/23/ de 31 de Agosto, com 37 páginas e muito ainda por se explorar, o Petro de Luanda, clube suspenso por dois anos de toda a actividade futebolística, não colaborou quando o órgão que rege a modalidade no país pediu a “cabeça” do atleta Ito, que agora actua na Jordânia.
Assim que a FAF ouviu o áudio que engaja o técnico da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, o Kabuscorp do Palanca e o 1º de Agosto, nas investigações, o Conselho de Disciplina notificou várias vezes o clube tricolor, mas este, por sua vez, não respondeu como devia.
No documento, o órgão que rege a modalidade no país fez saber que a direcção do Petro frisou que Ito estava de férias desde o dia 4 de Junho do corrente ano fora do país e que só se apresentaria ao clube no dia 17 de Julho de 2023.
Ainda assim, a FAF pediu a audição virtual dos atletas, mas o Petro de Luanda não deu qualquer resposta sobre o assunto, mas somente no dia 27 de Julho é que o clube tricolor mostrou-se disponível, mas o expediente já estava fechado.
Nesse período, a FAF recebeu, por email, uma informação de que um outro atleta, também implicado no caso de corrupção, estaria disponível a falar, mas não havia qualquer link para a realização da audição.
E, na carta que o clube tricolor enviou ao órgão que rege a modalidade no país, disse que Ito já não fazia parte dos quadros da sua agremiação e que foi transferido para o Al-Wehdat da Jordânia.
Em sede dos factos, Ito, sem qualquer colaboração com o seu clube, o Petro, no dia 03 de Agosto passado, foi ouvido via zoom pelo Conselho de Disciplina da Federação Angolana de Futebol.
Na sua adição, o atleta assegurou que o Petro tem os seus contactos, até porque continua a fazer parte dos quadros do clube, apesar de estar a militar no futebol da Jordânia.
Ito frisou que estava em Luanda depois da formação que fez em Portugal de 12 a 27 de Junho passado, tendo permanecido na capital do país, sendo que partiu para a Jordânia no dia 07 de Julho passado.
Ito disse que os valores financeiros que o atleta Márcio Luvambu da Académica do Lobito diz ter recebido para o incentivar foi de um milhão e oitocentos mil kwanzas a dois milhões de kwanzas.
Por isso, Ito comprometeu-se em enviar os comprovativos da transferência à Federação Angolana de Futebol, mas tal facto não chegou a ser concretizado pelo próprio.
No mesmo documento, o atleta que milita na Jordânia adiantou que era normal transferir tais valores, porque a amizade que os une vai além do futebol e faz com que tais coisas pudessem acontecer.
Por sua vez, o Petro disse que desconhecia o áudio que vazou nas redes sociais comprometendo os visados no escândalo de corrupção do mês de Junho passado no país.
A Académica do Lobito e o 1º de Agosto não responderam a notificação do Conselho de Disciplina da Federação Angolana de Futebol, mas o Kabuscorp do Palanca, em comunicado número 002, disse que tomou conhecimento sobre eventuais práticas atentatórias com a verdade desportiva fazendo menção ao alegado envolvimento do seu presidente e que não se revia no referido áudio.
Por conta disto, o Conselho de Disciplina da FAF suspendeu Ito por seis meses, ao passo que o Petro de Luanda fica dois anos afastado de toda a actividade futebolística.
Para além dos dois visados, o presidente do Kabuscorp do Palanca, Bento Kangamba, está suspenso por quatro anos, o técnico da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, também está suspenso por quatro anos.
Os visados neste processo disseram que vão recorrer da decisão, porque não se conformam com a medida, que alegam ser pesada, vinda do Conselho de Disciplina da FIFA.