No coração da província do Zaire, no município de M’banza Kongo, desponta a história inspiradora de Filomeno Giloso, tratado carinhosamente nas lides do desporto-rei como “Filó”.
Desde pequeno, o atleta teve uma infância tranquila, uma vez que os seus pais tudo fizeram para garantir que o filho tivesse uma vida digna. “Nunca passei fome. Sempre havia comida na mesa e, graças a Deus, eles continuam a me apoiar em todos os aspectos”, começou por dizer.
A paixão pelo futebol surgiu em 2012, impulsionada pela convivência com amigos que o convidavam para jogar todos os dias nalgumas artérias do município. Fez questão de assinalar que as manhãs eram preenchidas or risadas e dribles, e o atleta não resistia à tentação de se juntar aos amigos.
Com o tempo, a brincadeira entre amigos transformouse numa janela de variadíssimas oportunidades. Filomeno Giloso contou que a primeira oportunidade profissional apareceu quando foi convidado a integrar o Atlético do Martins Kidito, clube em que começou a carreira profissional.
Era o início de uma jornada repleta de desafios, sendo que após um período no Atlético do Martins Kidito, Filó fez uma nova mudança em sua carreira e se transferiu para o São Salvador do Kongo. Essa transição foi marcada por expectativas e esperanças de crescimento no mundo do futebol.
No entanto, a trajectória do jogador de 19 anos de idade não foi linear. Posteriormente, tentou a sorte no Petro de Luanda, mas essa experiência não rendeu os frutos esperados.
Referiu que o regresso ao São Salvador aconteceu num momento em que o clube disputava a segunda volta do Girabola, época 2023/2024. Sublinhou que a história por trás dessa movimentação foi marcada por rivalidades intensas entre clubes da região.
O presidente do Atlético Martins Kidito, António Júnior, tinha seus próprios interesses e não queria que o atleta jogasse no São Salvador do Kongo. A rivalidade entre as duas equipas era tão forte que o responsável preferiu levar o jovem atleta ao Petro de Luanda. “Eu estava ansioso para abraçar novas oportunidades e aceitei a proposta”, assinalou.
O desejo de brilhar nos grandes palcos do futebol nacional superou as barreiras impostas pela rivalidade local. Durante dois anos na equipa B do Petro de Luanda, Filó aprendeu muito sobre o futebol profissional e desenvolveu suas habilidades técnicas e tácticas.
Apesar das dificuldades enfrentadas, o avançado sempre manteve a determinação em seguir seus sonhos e não desistir diante das adversidades. Após a passagem no clube tricolor, uma nova oportunidade surgiu quando recebeu uma ligação inesperada do treinador Finda Mozer, do São Salvador. Era o momento de voltar para casa e reencontrar suas raízes.
O desejo de jogar na sua província era forte e bastante motivador. “Não gostei tanto da experiência no Petro de Luanda e, como também queria disputar o Girabola, aceitei na hora”, afirmou.
Filó, que tem Jesse Lingard
(Football Club Seoul da Coreia do Sul) como fonte de inspiração, destacou que está determinado em deixar a sua marca na prova rainha do futebol nacional.
“Um dos meus maiores sonhos é jogar no 1.º de Agosto, e há uma razão para isso”
Um dos jogadores mais influentes no clube da província do Zaire, Filomeno Giloso “Filó”, fez questão de revelar a este jornal os seus sonhos e aspirações pelos quais persegue.
O atleta manifestou o seu desejo de conquistar o prémio de melhor marcador do Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão, Girabola. O jovem atleta sublinhou que não se limita apenas a esse objectivo, acrescentando que almeja também vestir as cores de uma das cinco principais equipas da prova rainha do futebol nacional.
No entanto, destacou que tem preferência especial pelo 1.º de Agosto, treinado, actualmente, por Filipe Nzanza. Filomeno Giloso justificou as suas declarações com o facto de que o seu estilo de jogo se encaixa perfeitamente no modelo da formação rubro-negra.
“Tenho vindo a trabalhar muito para concretizar este objectivo. Acredito que a minha forma de jogar se encaixa melhor no clube militar”, afirmou. Além de suas ambições, o atleta deixou um conselho para as crianças, adolescentes e jovens que aspiram a ser jogadores. “Não desistam. Na verdade, o caminho para o sucesso no futebol é repleto de obstáculos e desafios.
É um jogo de risco”, destaca. O atleta revelou ainda que o desporto-rei pode proporcionar grandes recompensas, mas também apresenta riscos. “Pode nos pôr ricos e também arruinar a nossa vida”, rematou.
Filó não teve oportunidade para evoluir com o treinador Finda Mozer
Oponta de lança disse que gostou de trabalhar com o ex-treinador Finda Mozer, no entanto, sublinhou que as lembranças não são positivas. “Foi bom trabalhar com o treinador Finda Mozer, mas, infelizmente, não tive oportunidades”, apontou.
Entretanto, o jogador fez questão de revelar que a mudança no comando técnico trouxe novas esperanças. Com a chegada de Flávio Amado, disse que notou uma diferença significativa no que diz respeito ao seu grau de influência na equipa. “Ele está a explorar as minhas características, tanto que já fiz mais de cinco ou sete jogos como titular.
E isso foi raro na era de Mozer”, finalizou. Após o antigo internacional dos Palancas Negras ter assumido o comando da equipa, o atleta contou que sentiu-se mais à vontade e confiante dentro das quatro linhas.
“Graças ao novo mister, estou a adquirir muito conhecimento sobre o futebol, assim como outros aspectos inerentes à vida. A adaptação foi rápida porque já trabalhei com ele no Petro de Luanda B”, disse.
Hat-trick diante do Sagrada Esperança abre janelas de oportunidades
F ilomeno Giloso “Filó” confessou que o momento que mais o marcou foi quando apontou um hat-trick na vitória diante do Sagrada Esperança da Lunda-Norte, num desafio válido para a décima segunda jornada da competição.
“Foi muito especial porque defrontei uma das melhores equipas do nosso campeonato”, começou por apontar. Destacou que o reconhecimento pelo feito não veio apenas dos colegas, sócios e adeptos, mas também da direcção do clube liderado por Francisco Gombo. “Fui bastante elogiado pelos meus colegas e o presidente também me motivou a trilhar o melhor caminho.
Eu dormi feliz nesse dia. Foi inesquecível”, referiu. O avançado sublinhou que o feito elevou os seus índices motivacionais, além de ter atraído a atenção de diversos clubes, tanto nacionais quanto internacionais.
Embora as propostas estejam surgindo, o atleta optou por manter o mistério e não revelar detalhes neste momento. “Claro que recebi muitas propostas e estou feliz por isso.
Mas entendo que o momento não é oportuno para dar pormenores”, disse. Entretanto, relembrou os desafios enfrentados no início da sua carreira na prova rainha do futebol nacional, onde teve um começo bastante conturbado.
“Tive um início para esquecer, sendo que a pressão era intensa. Os adeptos demonstravam desconfiança em meu potencial”, salientou. Entretanto, assinalou que a virada na sua trajectória começou durante o Campeonato Nacional sub-20 realizado na cidade do Lubango, na Huíla. “Graças a Deus, as coisas melhoraram. Fiz três assistências e marquei dois golos”, disse a pérola da turma do Zaire.
Filó tem valor de mercado estimado em mais de três milhões de kwanzas
O atleta referiu que um dos principais calcanhares de Aquiles do futebol nacional é a carência de uma mentalidade vencedora.
Para o jogador, é urgente uma mudança de paradigma para que a Selecção Nacional possa recuperar seu prestígio nas provas internacionais.
“O nosso maior problema é mesmo a mentalidade. Temos que mudar este aspecto. Mas há melhorias em alguns sectores”, referiu. O atleta, que tem se destacado na presente edição do Campeonato Nacional, acumula 352 minutos em campo e tem um registo de três golos até o momento.
De acordo com o site português Zerozero, o atleta de 19 anos de idade tem um valor de mercado estimado em 4 mil euros, equivalente a 3.797.458,00 kwanzas.
Por: Kiameso Pedro