Uma boa política de gestão de estádios pode servir de fonte de renda, aumentar a arrecadação de impostos, criar empregos e renda para a população, assim como atrair investimentos
A distância em que foram construídos vários espaços desportivos, designadamente os campos para prática de futebol e pavilhões multiusos para basquebol, andebol e hóquei em patins constituem entraves para a sua rentabilidade.
Três economistas são unânimes nesta afirmação, ao considerarem que o facto dos palcos desportivos estarem afastados das grandes zonas populacionais deixa de ser chamativo não só para os amantes de diversas modalidades, mas também para quem teria esses espaços como local de diversão.
O economista Janísio Salomão, residente em Benguela, dá o exemplo do Estádio de Ombaka, construído numa zona de passagem entre os dois principais centros urbanos da província, que fica às moscas sempre que não recebe actividade desportiva.
A par da distância, o interlocutor realça que os estádios de futebol deveriam ser considerados não apenas um espaço para abrigar jogos, mas como um verdadeiro centro de diversão, onde as pessoas poderiam se encontrar para assistir a concertos, shows e outros eventos.
Outra das causas que contribui para a não rentabilidade dos estádios, aponta o economista, é o facto dos principais clubes constituídos estarem ancorados à máquina do Estado e dela dependerem para realizarem as suas actividades.
“A história do futebol em Angola evidencia que os clubes foram criados não para obter lucro, mas para divertir, moldar opiniões e influenciar o povo”, considerou.
Para Janísio Salomão, deve-se ter consciência de que os estádios têm um alto custo de construção, sendo crucial que os seus gestores criem estratégias inovadoras para maximizar a rentabilidade, oferecendo uma experiência atraente e proveitosa para os torcedores e visitantes.
Olhando para outras realidades, sublinha que o desporto é visto como uma fonte de renda, que pode gerar lucro, auxiliar na arrecadação de impostos, criar empregos e renda para a população e atrair investimentos.
“Os estádios podem melhorar a imagem e a reputação da cidade ou região, trazendo visibilidade nacional e internacional”, disse.
Profissionalização A profissionalização é outra das questões que na opinião dos economistas pode contribuir para a rentabilidade dos estádios e da modalidade de futebol, em particular, tendo Daniel Sapateiro realçado que a profissionalização passa pela gestão de topo, gestão desportiva, administrativa e financeira.
Sapateiro acrescenta ser necessário profissionalizar a vertente da gestão de activos como infraestruturas, instalações, campos de treino, de jogos, pavilhões gimnodesportivos, pois Angola está a caminho de uma economia de mercado plena.
Entre as sugestões avançadas para tornar os estádios lucrativos consta a melhoria na infraestrutura do estádio, como banheiros, concessionárias de alimentos e bebidas, estacionamento, telões e Wi-Fi que podem dar outra experiência ao torcedor e aumentar as receitas de vendas desses serviços.
Aos gestores é aconselhado a explorarem diversas formas de renda, além da venda de ingressos, como eventos corporativos, shows, aluguel de espaços publicitários e venda de merchandising.
Os estádios têm de ter condições para albergarem centros comerciais, shoppings, centros de escritórios, co-working, espaços de trabalhos para os empreendedores, eventos como festas e actividades como workshops e palestras.
Reforçam que a construção e o fortalecimento da marca do estádio e do clube, por meio do investimento em marketing, podem aumentar a demanda por ingressos e outras fontes de receita.