O presidente da Associação Provincial de Futebol do Cunene (APFC), António Pitra, 55 anos, falou em exclusivo para este jornal sobre os projectos do seu pelouro em 2018. O antigo jogador do Independente do Tômbwa, na província do Namibe, entrou para o dirigismo desportivo por razões ligadas à formação académica
Entrevista de Mário Silva fotos de Daniel Miguel
Como entra para o dirigismo?
Fui atleta federado. Joguei no Sonangol do Namibe e Independente do Tômbwa, ambas equipas do Namibe, nos anos 80 e 90. Na província da Huíla, por questões profissionais, não consegui dar continuidade à minha carreira como futebolista. Por isso, abracei o dirigismo desportivo.
Em que ano chega a província do Cunene como dirigente desportivo?
Depois de terminar a minha carreira, fiz parte de uma grupo de formadores, enquanto professor, contudo em 1992 fui para a província do Cunene e como gosto de desporto fiquei por lá e continuei a desenvolver as minhas actividades desportivas.
Que avaliação faz do rei futebol na província do Cunene? A modalidade na província do Cunene está no bom caminho, quer dizer, a avaliação é positiva, porque, à medida que o tempo vai passando, há mais jovens interessados em praticar o desporto rei.
Que provas a Associação realizou em 2017? A Associação Provincial de Futebol do Cunene (APFC) realizou vários torneios. Como é evdente, o país está a viver uma situação financeira difícil, logo muitos clubes estão em crise, sendo que outros até declararam falência.
O futebol nos outros escalões já é uma realidade?
O futebol nas camadas de formação vai sendo uma realidade no Cunene, na medida do possível. Com algumas equipas, conseguimos realizar algumas provas nos escalões de juvenis e juniores para ter acesso aos campeonatos nacionais que Luanda vai acolher em Janeiro de 2018.
Quantos clubes a APFC tem cadastrados?
Temos cinco clubes cadastrados. Estes movimentam os escalões de iniciados, juvenis, juniores e seniores, pelo participam nos campeonatos locais. O EHAFO Sporting Clube do Clube, Desportivo Castilhos, AKS FC, Etunda FC e os Kakuvas são as equipas inscritas na APFC.
Por outro lado, temos as mesmas formações na classe feminina.
Qual é o estado do futebol feminino no Cunene?
Na verdade, realizamos um torneio com quatro equipas, mas não sabemos os motivos da ausência de uma equipa. Posso assegurar que no próximo ano os clubes que temos cadastrados vão disputar o Campeonato Provincial, portanto temos um projecto para relançar a modalidade na província.
Quantos campos a cidade de Ondjiva tem para a prática do futebol?
Neste momento, temos dois campos, mas existem outros espalhados na periferia da cidade. Esses estão sob cuidados das autoridades locais, uma vez que também contribuem para o desenvolvimento da modalidade. Pelos vistos esse número não satisfaz a associação… Não satisfaz. Por isso é que precisamos de mais recintos. Infelizmente só temos um com relva, ali, próximo do Governo Provincial do Cunene. O governo está a estudar a possibilidade de construir mais campos.
Que dificuldades a APFC tem enfrentado?
Enfrentamos dificuldades administrativas e financeiras, mas a segunda tem sido um problema grave, porque a situação é conjuntural, mas temos fé, vamos sair deste embaraço o mais cedo possível. Já improvisamos em várias situações, mas a verdade é que tudo deu certo. No que tocas às infra-estruturas também temos tido muitas dificuldades, mas há um programa do governo a estudar e a levantar os principais problemas do desporto na província do Cunene.
Que apoios é que a Associação tem dos particulares?
Não posso tapar o sol com a peneira. Na última assembleiageral da Federação Angolana de Futebol (FAF) debatemos o aspecto dos financiamentos dos governos provinciais para as associações, mas a verdade que vamos aguardar pelas próximas decisões. No encontro da FAF, o assunto foi levantado por vários associados e esperamos que se leve esta questão a sério, porque temos vontade de caminhar apresentado projectos sérios.
Disse que os apoios são raros.
Como é organizam os campeonatos provinciais?
Sensibilizamos os clubes com o pouco que eles têm, contudo fazem algumas contribuições e a APFC ajusta tudo às condições e à realidade das equipas inscritas para o campeonato provincial e outros torneios.
Qual é o orçamento para organizar uma prova?
Anualmente, para se realizar uma prova à altura, pode-se gastar cerca de sete milhões de kwanzas, isto é, em todas as categorias, sem esquecer a massificação e os torneios da província.
Que apoio recebe da FAF?
Devo repetir que o encontro com a FAF visou discutir isso, porque ainda não recebemos coisa alguma da FAF. Espero que em 2018 as coisas melhorem para todos, porque precisamos de trabalhar unidos em nome do futebol angolano.
Para quando uma equipa no Girabola Zap?
É prematuro falar disso, visto que o país está a viver uma situação financeira difícil. Uma equipa para participar no Campeonato Nacional temos, mas a questão financeira vai dificultar essa pretensão. Mesmo com as nossas dificuldades, os clubes continuam a apostar na formação.
Quais são os projectos para 2018?
Para o próximo ano, a prioridade é criar condições para se realizar o Campeonato Provincial de futebol feminino, no sentido de relançarmos da modalidade a outros patamares em todo o país. A província do Cunene tem jovens com muito talento para o futebol feminino. Vamos fazer tudo para aproveitar.