O assédio sexual no andebol feminino é um assunto que supostamente ocorre, mas os rostos se mantêm invisíveis, à partida, e nota-se que os clubes ainda não estão prepara- dos para falarem abertamente sobre o assunto
Em sede da abordagem sobre o assédio no andebol feminino, clubes e dirigentes negaram-se a falar de um fenómeno transversal e que normalmente visa persuadir alguém do sexo feminino, sobretudo, para atingir um objectivo moral, físico ou sexual. Petro de Luanda, 1.º de Agosto, Interclube e Progresso do Sambizanga, formações com responsabilidades na modalidade cria- da pelo alemão Karl Schelenz em 1919, “fintaram” a reportagem do jornal OPAÍS.
Apesar das tentativas feitas, não se sabe ao certo as razões que levaram os clubes a declinarem, mas é ponto assente que isto levanta muitas especulações dentro e fora de campo. O assédio sexual é um assunto que se fala sempre nos corredores, logo os visados e as vítimas tendem sempre a fechar-se em copas, no sentido de proteger a imagem e eventuais danos morais.
Por isso, a abordagem de dirigentes de clubes perante o fenómeno, que não se quer calar, seria importante, uma vez que ajudaria a esclarecer melhor a ocorrência de supostos casos encravados. Posto isto, os clubes entrariam na lógica da criação de gabinetes de denúncia, sendo que algumas atletas, sobretudo, chegam aos treinos com talento, mas numa situação social vulnerável.
Tal como noutras paragens, o assédio sexual no andebol feminino, enquanto desporto, na escola, no serviço e noutras áreas, é crime nos termos da lei penal vi- gente. Deste modo, com mais colaboração, é possível colocar-se um basta neste fenómeno, pois nos Estados Unidos da América, em tempos, o professor (treinador) ginástica foi expulso por supostamente assediar as alunas da Selecção Nacional e, ao ser provado, será responsabilizado civil e criminalmente.
O caso mais recente deu-se com o presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, que, após a equipa feminina de futebol vencer o Mundial, em Agosto passado, realizado na Austrália e na Nova Zelândia, beijou a atleta Jenni Hermoso, facto que chocou a sociedade, obrigando-o, depois de muita pressão, a abandonar o cargo. Por isso, em Angola, a reflexão em torno do assédio sexual deve ser colectiva, de modo a inibir os anseios de eventuais promotores desta prática nos clubes e noutras instituições.