O artista está de regresso aos AIDS Postcards From the Edge (Cartões postais de AIDS da borda), na Galeria de Artes de Tribeca, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, onde participa desde ontem, 5 de Janeiro, na exposição universal de solidariedade para com os artistas portadores do HIV/SIDA denominada “Visual AIDS Utiliza a Arte Para Combater a AIDS, Provocando o Diálogo, Apoiando Artistas HIV Positivos e Preservando Um Legado, Porque a AIDS Não Acabou”.
Trata-se de um evento, juntando coleccionadores de obras, artistas e o público apreciador das artes plásticas, cuja acção estende-se também à criação do diálogo, produzindo e apresentando projectos de arte visual, exposições, fóruns públicos e publicações, a produção de programas de Arte Contemporânea relacionados à matéria, fornecendo suprimentos e assistência aos artistas que vivem com HIV/SIDA, visto que muitos deles não conseguem dar sequência aos seus trabalhos sem tal suporte.
Está de regresso ao AIDS Postcards From the Edge (Cartões postais de AIDS da borda). Quantas obras espera apresentar neste evento?
Apresento uma obra que é o que me foi solicitado pela própria organização deste evento, uma vez que será uma apresentação mundial de artistas plásticos espalhados pelo mundo fora.
Tem alguma criação inédita nesta colecção?
Tem a obra que ofereci para esta exposição humanitária, para se angariar fundos para a ajuda no combate à SIDA/AIDS. É um quadro a óleo que lhe dei o título de “A New Sunrise”, “Um Novo Nascer do Sol”, que representa, para mim, uma nova esperança de que um dia todos juntos e de mãos dadas consigamos travar esta terrível doença que, nos dias de hoje, quase foi esquecida e posta de lado como tantas outras doenças terríveis, que provocam tanto sofrimento às pessoas, famílias e sociedade.
Já agora, como foi para si o ano 2022 em termos de produção artística e o que gostaria de fazer neste mesmo ano e não concretizou?
O ano 2022 foi um ano de grande produção artística, desenvolvi muitos projectos de pintura por esse mundo fora, onde participei em muitas exposições internacionais, tanto colectivas como individuais. Este ano de 2023 gostaria muito de realizar um sonho que tenho que é apresentar uma exposição minha em Luanda, e voltar a Angola aonde, por incrível que pareça, já não vou há uns anos. O tempo passa a correr e quando olhamos para trás é quase assustador ter a noção e consciência real do quanto passou e tanto que aconteceu neste mundo, desde uma pandemia até ao início de conflitos bélicos perigosos que a todos nos deixam cheios de preocupações do que será o dia de amanhã, mas tenho em mim uma enorme esperança que o bom senso e o sentido humanitário e bondade do ser humana prevaleça sempre.
Em que residiu a sua maior dificuldade e como a superou?
Eu não me posso queixar de nada na minha vida, entendo a dificuldade, mais como um desafio e obstáculo que tem de ser ultrapassado do que, propriamente, uma impossibilidade que me deixe inerte sem vontade de fazer coisas que me sejam úteis e causem bem-estar.
Sempre fui e sou um optimista e, talvez, por isso mesmo, eu interprete a dificuldade como um novo momento de novas oportunidades não ponderadas, ou desconhecidas, que me provocam uma grande curiosidade de descomplicar e transformar numa qualquer coisa de aprendizagem positiva, e que me dê novas perspectivas para a vida.
Que apoios teve nesta longa jornada?
Talvez os maiores apoios que tenha tido nestes tempos sejam o estímulo e a coragem que retiro e guardo sobretudo tantas pessoas, amigos e instituições continuarem a acreditar em mim e no meu trabalho com confiança demonstrada no meu percurso como artista plástico e como ser humano que vou sempre tentando fazer o melhor que sei e que gosto mais na vida, a partilha de tudo o que sinto ser bom e por bem.
Quantas exposições realizou durante o ano de 2022 e qual foi a mais recente?
No ano de 2022, participei em 20 exposições internacionais, a última foi em Roma, Itália, num projecto que envolveu outros artistas plásticos internacionais, cujo tema foi muito interessante “O Estado da Arte”, foi um desafio que me deixou muito satisfeito, sobretudo porque esta ideia de partilha de diversas visões e interpretações sobre a arte fezme saborear a diversidade da vida e da importância do respeito por cada um de nós na sua abordagem sobre a vida.
O que retratou?
Esta exposição quis retratar sobre a importância da cor e forma, e o seu efeito a quem a observa, tendo em conta a partilha de quem o vê e quais os tipos de leitura e ou interpretação fazem através dos seus olhares e sentimentos.É sempre uma riqueza enorme ouvir o que o observador tem a dizer sobre o que sente e vê em cada obra que olha atentamente.
Para mim, é um tempo precioso ouvir cada pessoa que goste de falar sobre o que olha e sente.
Quantas obras congregou?
Este projecto teve cerca de 30 obras.
Onde está a iniciar o Novo Ano Artístico e quais são as propostas?
Estou no Canadá, em Calgary, onde vivo há quase nove anos, aqui tenho o meu estúdio e onde trabalho todos os dias.
O meu primeiro projecto do ano de 2023 é já inaugurado no início de Janeiro, em New York, nesta exposição de cariz humanitário no Visual AIDS, ORTUZAR PROJECTS Art Gallery NY, e no dia 14 de Janeiro irei inaugurar uma exposição “Una finestra sull’ Arte Contemporanea Internazionale” em Milão, Itália.
Tenho já agendados outros projectos em vários países que um dia destes partilharei com todos.
Quando é que vai regressar a Luanda?
Uma exposição em Luanda esse é um dos meus maiores sonhos que quero realizar neste novo ano de 2023, por mim faria já “amanhã”.
Que projectos tem para o recém-iniciado ano 2023?
Vou continuar a trabalhar, afincadamente, em todos os meus projectos e propostas várias que tenho em mãos, até ao final deste novo ano já tenho tanto para participar que me sinto muito feliz por ver que o meu trabalho tem frutos e que nunca desistir de tentar realizar os sonhos com os pés bem assentes no chão.
Outras novidades?
Depois de uma boa conversa é sempre difícil concluir, porque nunca se quer terminar a partilha de ideias e projectos bons, no entanto gostaria muito de um dia nos podermos reencontrar em Luanda e matar saudades com tantos amigos que aí deixei e que sempre me continuam a honrar com a sempre sua lembrança de mim.
Quem sabe este ano eu volte a Angola para realizar um projecto de pintura e partilhar com todos a minha experiencia do que é viver no frio do Ártico, onde as temperaturas chegam com muita facilidade aos 40 celsius e o quanto isso condiciona, ou me provoca momentos de boa criatividade de pintar o frio que vivo e as condicionantes todas que pode causar à vida do dia a dia, tendo aprendido que o frio, a neve, o gelo estão repletos de cor e vida, e que a sensação de liberdade é alcançada no intimo da alma e na introspecção a que isso obriga, sendo muito curioso também ter a consciência que o corpo humano é uma máquina incrível de adaptação à natureza e ao rigor extremo de condições climáticas, onde tudo parece ser impossível viver, reencontra-se o cerne e a essência da vida.
Para todos os meus queridos amigos de Angola desejo um feliz Ano Novo cheio de coisas boas e tranquilas!