O novo álbum do músico, intérprete e compositor Vladimiro Gonga, intitulado “Uazekele”, que apresenta uma mistura de diferentes estilos musicais, será lançado no próximo dia 09 de Setembro, pelas 17 horas, no espaço da Fundação Arte e Cultura
Trata-se de uma combinação de músicas folclóricas tradicionais africanas com o jazz e bossa nova, contendo 12 faixas musicais, como avançou o próprio Vladimiro Gonga a OPAÍS.
“Na verdade, considero este meu novo álbum uma peça musical com vários capítulos, à qual presto particular atenção na diversificação e renovação estética dos nossos ritmos tradicionais angolanos, combinando o folclore tradicional africano, sobretudo a massemba e o kilapanga, com o jazz e bossa Nova”, adiantou o artista em exclusivo a este jornal.
Segundo o artista, é uma forma de jazz angolano ao qual o mesmo denomina “Majzz”, uma mistura de estilos e ritmos que estabelece uma ponte entre o tradicional e o clássico (mitmo majazz, massembajazz).
Neste novo álbum, Vladimiro diz assumir a nobre missão de dar continuidade das sonoridades e ricas melodias trazidas nas músicas de Filipe Mukenga, Waldemar Bastos, Bonga, Mito Gaspar, Carlitos Vieira Dias, e tantos outros ícones que “eternizam a riqueza” da música nacional.
“Este álbum é a continuidade das obras de Liceu Vieira Dias, Vum-Vum, Waldemar Bastos, Filipe Mukenga, André Mingas, Rui Mingas, Bonga, Kituxi, Luís Visconde, David Zé tantos outros grandes mestres da nossa música angolana”, sublinhou.
Participações nacionais e internacionais
A nova obra discográfica de Vladimiro, que por sinal é a segunda do talentoso músico e produtor, conta com as participações vocais de grandes vozes do musical nacional, como Filipe Mukenga, Jaques Morelenbaum, Sandra Cordeiro, Kool Klever, os Jazz-man; e de artistas internacionais, como Filo Machado (Brasil), Raimundo Santos e Mike Boone (EUA).
O artista sublinha que o objectivo é trazer uma nova forma de fazer música, caracterizada pelo misto de estilos e ritmos, que exprimem o intercâmbio entre diferentes povos e culturas, mas preservando sempre a angolanidade originária.
“O meu grande objectivo desde o princípio sempre foi estabelecer uma forma angolana de jazz, que seja diferente do jazz norte-americano, do jazz sul-africano ou do jazz brasileiro, que é o sambajazz ou bossa nova”, enfatizou.
Para além das participações vocais, o álbum contou também com participações de vários instrumentalistas, entre nacionais e internacionais, com destaque para Isau Baptista, Max Viana e Mário Gomes, [no violão e guitarras]; Paulo Calasans (Brasil), Raysan (EUA), no piano e teclados, Roland, Bernardino Makanzo e Nino Jazz, Dalú Roger e Yasmane Santos (Cuba), na percussão, Benilson Gabriel, Jack Nsaka, João Viana (Brasil), na bateria e o grande instrumentalista brasileiro Jaques Morelenbaum no violoncelo.
Produzido e arranjado por ele mesmo, Gonga salienta que o álbum é repleto de desenhos melódicos harmoniosos, utilização intensa de percussão e profundidade literária, trazendo um artista mais maduro e completo, enquanto produtor, intérprete, arranjador e compositor.
“As musicas que gravei para este meu novo álbum intitulado é muito daquilo que eu vivi, cresci a ouvir e estudei, tudo por honestidade à minha essência musical, que sempre pratiquei, fiz e continuo fazendo pesquisas históricas e material, estudando exaustivamente”, sustentou.
Sobre o artista
Natural de Luanda, Vladmiro Gonga é defensor das diferentes abordagens artísticas, a sua produção musical espelha os traços culturais africanos, embora o seu desejo esteja vincado à música jazz, em diferentes idiomas.
Gonga foi vocalista e violonista da banda Perfil, tendo gravado o seu primeiro disco em 2012, com dois temas, “Só amor” e “Influências no Semba”, que teve as participações de Kizua Gourgel, Joaquim Moreira, Dalu Roger e Teddy.
Massemba Jazz foi o primeiro álbum de Vladimiro Gonga e foi gravado no Brasil, entre 2010 e 2015, composto por dez faixas musicais, trazendo uma “fusão do semba, massemba, jazz e bossa nova”.
O mesmo foi produzido por Max Viana, filho e guitarrista de Djavan, pela Rio Records, editora em que Gonga faz parte.