O terror, injustiça, discriminação e todos os actos desumanos protagonizados pelos líderes europeus contra os povos africanos, durante a larga e amarga época de escravatura, vão ser revividos nesta peça escrita e dirigida por Delson Manuel Neves.
Com a duração de 60 minutos, a peça será protagonizada por 18 actores, que vão contagiar o público com a representação de uma história repleta de sangue, suor, dor e resistência, segundo apurou o OPAÍS.
Em meio ao cenário da escravatura, o drama traz também, de forma discreta, a história de um amor proibido entre jovens de alas rivais, um escravo e a descendente de um colono europeu. Uma batalha entre o “amor proibido” e o “preconceito racial”.
A história, segundo o porta-voz do grupo, desenrola-se num espaço geográfico imaginário, com as devidas características do continente berço, onde a escravatura ceifou centenas de milhares de vidas, destruindo as estruturas socioculturais e políticas, a história e os valores sagrados de milhares de povos.
“Para esta peça, escolheu-se, para cenário, uma localidade imaginária do continente, onde se desenrola uma estória de luta pela liberdade, dignidade humana e por um amor proibido e discriminado pelo forte racismo da época”, detalhou a este jornal Dionísio Soares.
o a história de forma mais real possível
Uma das intenções que se propõem à apresentação da peça é a vontade de querer narrar a história de uma maneira mais real ou mais próxima possível daquilo que foi vivido pelos povos, como avançou o porta-voz do conjunto.
“Trazemos um drama com personagens interessantes, que buscam, no desenrolar de cada cena, mostrar os sacrifícios vividos à flor da pele, envolvendo mortes e tragédias, numa guerra com o seguinte fim: quebrar as correntes da opressão, abolir o silêncio do sofrimento e reivindicar o direito à vida e à liberdade”, frisou o jovem, que também é actor e produtor da peça.
Exibição pela sexta vez
Apesar de ser a sexta vez que a peça será exibida, o mesmo sublinha que a cada exibição é feita uma readaptação, com o propósito de criar mais impacto e dar mais notoriedade à obra, cuja primeira apresentação foi feita em 2008.
O episódio, explica o produtor, é protagonizado exclusivamente por jovens, que são a força motriz do continente e que reflectem o símbolo de resiliência e prosperidade.
Quanto à razão de a peça voltar a ser exibida, afirmou que se deve ao facto de a mesma abordar um assunto que deve ser reflectido todos os dias.
Salientou que é dominando a história que se vão definindo os caminhos certos para a construção de um futuro próspero para o continente, e que não se pode apenas pensar o continente no mês de Maio. “Trouxemos novamente a obra ‘África’ devido ao tema que ela aborda, a história do nosso povo.
É um assunto para a nossa reflexão todos os dias, pois, não devemos pensar em África apenas no dia 25 de Maio”, sublinhou.