Segundo os artistas, que falavam ao jornal OPAÍS, após actuarem na última edição do “Muzongué da Tradição”, no passado Domingo (13), no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, no distrito do Rangel, o semba é um estilo musical que faz parte dos elementos identitários da cultura angolana e, por esta razão, deve ser respeitado, valorizado e devidamente preservado, sem esquecer das suas raízes e essência.
Para o músico Lulas da Paixão, a nova geração tem desempenhado um trabalho interessante na continuidade do estilo musical. No entanto, é fundamental que se conserve a matriz do Semba para que não se perca a essência.
O músico, de 78 anos de idade, entende que a preservação do estilo está intrinsecamente ligada com a conservação das línguas nacionais. Afirmou que quem canta ou quer cantar semba de raiz deve necessariamente aprender ou ter o domínio das línguas nacionais.
“Hoje, a tecnologia evoluiu muito e vemos miúdos a cantarem bem o Semba, o que é bonito, mas eles não podem mudar a originalidade do Semba, as nossas línguas nacionais são indispensáveis, devem estar presentes na nossa música de raiz”, defendeu o artista. Já a cantora Dina Santos, por sua vez, apelou aos novos artistas a conservarem e respeitarem o semba, e os seus fazedores, especialmente os músicos veteranos.
Sublinhou que o estilo tem contribuído, consideravelmente, para a expansão da cultura angolana noutros países, fazendo com que cada vez mais cidadãos estrangeiros despertem o interesse em conhecer Angola e aprender a sua cultura.
A artista realçou que actualmente muitos turistas quando vêm a Angola, uma das primeiras coisas que se propõem a aprender é a dançar o Semba e a Kizomba por serem estilos que muito ouvem falar a partir dos seus países de origem.
“Você se reparar, há aqui muitos turistas que vieram da Europa todos eles só estão interessados em aprender o Semba e a Kizomba, e isso demostra o quanto a nossa música é forte e rica culturalmente.
Por isso, temos que a preservar sempre”, ressaltou. Recorde-se que o estilo musical semba foi elevado a Património Cultural e Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura, no âmbito do programa nacional das celebrações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado a 18 de Abril de 2023.