A União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) defende mais reconhecimento da sua actividade por parte do Estado angolano, para deixar de ser considerada como uma instituição de pedintes.
POR: Ireneu Mujoco
O desabafo é do seu secretário- geral, António Tomás Ana (Etona), quando fazia o balanço das actividades desenvolvidas ao longo deste ano que termina nas próximas 72 horas. Em conversa com O PAÍS, Etona disse que, 40 anos depois da criação da UNAP, é chegado o momento para que as autoridades competentes reconheçam o papel que esta agremiação de artistas plásticos exerce.
O responsável apontou que no quadro da visão estratégica do desenvolvimento das artes plásticas em Angola, a instituição que dirige devia ser vista em pé de igualdade com outras do sector da Cultura. Prudente nas suas afirmações, o artista disse que, independentemente das especificidades que cada instituição tem, dentro do departamento ministerial, disse ser necessário que o Estado olhe com mais atenção às artes plásticas. “Hoje, as artes plásticas continuam a ser vistas como o parente pobre, como também é visto, de um modo geral, a própria Cultura, ao contrário de outras instituições”, atirou. António Tomás Ana insiste que se olhe mais para a artes plásticas, acrescentando que o trabalho dos artistas não é só pintar ou esculpir. “ É muito mais do que isso”.
Valorização Outra questão levantada por Etona prende-se com a fraca comercialização das peças produzidas pelos artistas nacionais, sendo que os compradores preferem adquiri-las no estrangeiro. “Temos renomados artistas cá no nosso país, mas dificilmente vendem as suas peças, porque os angolanos gostam só de coisas de fora, e muitas vezes sem a qualidade desejada”, denunciou. Para contornar essa situação, Etona defende que se comece a criar gosto pelas peças das artes produzidas localmente, embora admita não ser proibido adquiri- las onde cada comprador quiser. Exemplificou que, na maior parte dos países que já visitou, entre africanos, europeus, asiáticos e americanos, os compradores das peças das artes preferem o produto interno dos seus respectivos países.
Dinheiro
No que concerne à verbas atribuída à UNAP, sem avançar o valor, o responsável disse ser irrisória para corresponder ao plano de actividades de cada ano. Segundo a fonte, trata-se de um subsídio de sobrevivência e não de verba para trabalhar, e a situação agudizou-se ainda mais com a crise económica que o país está a atravessar.
Balanço
Convidado a fazer o balanço deste ano, afirmou que foi positivo, na medida em que foi realizada a maior parte do que foi preconizado, sendo que o resto será feito no próximo ano. Essas acções para o próximo ano, constam das linhas de força do elenco saído das últimas eleições de Abril, em que a actual direcção foi reconduzida para mais um mandato de quatro anos. De entre as várias acções, segundo o reeleito secretário-geral da UNAP, aponta como prioridade a dinamização da Galeria D´Maio para torná-la num instrumento potencial para garantir o bem-estar dos artistas e estimular o intercâmbio com galerias internacionais.
Consta ainda o lançamento da Bienal das Artes Luand´Arte em 2020, e também garantir o Mercado da Arte com estimulo jurídico, para regularizar e dignificar a classe artística. Prevê ainda uma negociação com o Governo Provincial de Luanda (GPL) para a criação de uma Sanzala das Artes, cujo espaço será transformado num centro turístico, e 50 por cento dos artistas terão nesse lugar os seus ateliês. A Sanzala tornar-se-á num espaço dinamizador do mercado e reserva cultural. Continuar a apoiar os alunos provenientes das escolas médias e superiores das artes plásticas de forma a desenvolver o intercâmbio, faz parte também das acções deste elenco.