Provenientes de países como França, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Reino Unido, Holanda, Canadá, Portugal, Luxemburgo e outros, os turistas deixaramse contagiar pelos irresistíveis ritmos do semba e da kizomba que dominavam o ambiente festivo vivido no Centro Cultural e Recreativo do distrito do Rangel, que tem sido palco residente do “Muzongué da Tradição”, um evento que visa enaltecer os ritmos nacionais, em especial o semba, juntando artistas, bailarinos, bandas musicais e amantes daquele estilo musical num único espaço.
Verônica Sindonem e seu esposo Victor Sindonem, turistas provenientes da Finlândia, mostramse profundamente animados e entusiasmados por aprender a dançar o semba e poder aperfeiçoar justamente no dia em que participaram pela primeira vez do ‘Muzongué’ organizado pelo Centro Cultural do Rangel.
A turista, que está em Angola pela quarta vez, disse ter tido o primeiro contacto com a dança angolana no seu próprio país, numa escola de dança dirigida por angolanos e portugueses, meses antes de vir a Angola, mas foi em Luanda que aprendeu e aperfeiçoou as suas habilidades na dança, tornando-se uma amante indiscutível do semba e da kizomba.
“Honestamente eu conheci a dança quando fui a uma escola de dança na Finlândia, meses antes de vir a Angola pela segunda vez, mas foi aqui em Luanda onde aprendi a dançar, melhorei e hoje sou uma grande fã deste estilo.
Sempre que ouço alguma música (semba), levanto logo para dançar sem querer parar”, disse a turista, num ‘português arranhado’. Já o seu esposo disse que passou a apreciar o semba por influência da sua companheira que, durante as suas viagens, tem partilhado consigo os vários momentos que tem vivido nos eventos em que participa desde que aprendeu a dançar o semba e a kizomba.
Proveniente do Canadá, Vessie Chela, que está em Angola pela primeira vez, disse ser uma amante indiscutível do semba e da kizomba, estilos que aprendeu a dançar em Lisboa, numa escola de dança, enquanto visitava aquela cidade em épocas de férias.
Em território angolano, a canadense de 50 e poucos anos afirma ter aperfeiçoado um pouco mais a dança, e que agora dança melhor que antes, sobretudo após participar de algumas festas angolanas e ter beneficiado de aulas gratuitas de semba dadas por angolanos em alguns pontos da cidade capital.
A mesma afirmou que vê nos ritmos angolanos alegria, liberdade e muita euforia, coisas que são poucos visíveis nos ritmos do seu país de origem e de outros onde já teve o privilégio de estar.
“A dança angolana tem muita alegria, muita euforia, sinto que as pessoas são muito felizes quando estão a dançar, e isso é muito bonito e contagiante”, expressou a turista.
Eva Lindvai, turista sueca que também visita Angola pela primeira vez, disse sentir-se honrada por participar de evento que para si representa um momento histórico em que teve a oportunidade de explorar e conhecer um pouco mais sobre a cultura angolana e, sobretudo, a aperfeiçoar o semba, que é um estilo que aprendeu a dançar há quase cinco anos numa cola em Lisboa, dirigida por professores angolanos e portugueses.
Residente em Lisboa há mais de dois anos, Eva adiantou que tem visto vários festivais de músicas angolanas em Portugal, mas nunca teve a oportunidade de participar em nenhum, entretanto, esta visita representa para si um momento especial, porque viveu uma experiência inesquecível e deu-lhe a oportunidade de explorar novas culturas através da dança.
Intercâmbio por meio da dança
Numa pista pequena, mas acolhedora, era possível ver a interacção e o intercâmbio cultural entre angolanos e estrangeiros, com os turistas a dominarem o centro das atenções pelo jeito ousado e espontâneo com que “desfilavam” o semba, reflectindo alegria, entusiasmo e liberdade.
Ao compasso da música, eram visíveis os movimentos frenéticos que se impunham na pista num misto de toques e improvisos em que os angolanos, apesar de serem os detentores da tecnicidade da dança, não conseguiam “ludibriar” os visitantes que se mostravam amantes e conhecedores do estilo que já se tornou o “cartão postal” para quem decide visitar Angola ou explorar os seus ritmos musicais. Independentemente de serem pares formados por angolanos e estrangeiros, ambos estrangeiros ou ambos nacionais, o semba era a língua universal que os unia e os congregava no mesmo espírito.
Mesmo até quando a diferença das línguas oficiais fosse um “inconveniente”, a dança era o elemento “mágico” que rompia qualquer empecilho, gerando sintonia e harmonia entre os pares.
Na pista, podia-se observar angolano agarrado a uma sueca, finlandês em sintonia com uma angolana, holandês/a com uma belga, ou até mesmo francesa com um norteamericano, todos unidos ao ritmo do semba que era emanado pelos artistas angolanos que brindavam o público com seus temas musicais e/ou interpretações de autoria de outros músicos.
Artistas ‘veteranos’ dominaram o evento
Num evento que juntou mais de duas mil pessoas para celebrar e viver o semba com euforia e alegria, os artistas veteranos do semba foram os protagonistas do espectáculo que começou com o músico Lulas da Paixão a “aquecer” o público com os vários ritmos do seu repertório, acompanhado da Banda Movimento.
Buscando temas que marcaram os anos de sucessos nas décadas de 70, 80 e finais de 90, Lulas da Paixão fez o público viajar no tempo e dançar com nostalgia aos sons de temas como “nguami maka”, “Lolito”, “tio Chico”, entre outros.
No mesmo palco, subiu ainda a resiliente Dina Santos, que também “carimbou” o seu nome na tarde do evento, cantando vários temas musicais como “mana Fatita”, “anel” e ainda um dos temas musicais de Rui Mingas, num gesto que visou homenagear aquele ícone da cultura nacional de feliz memória.
Legalize e Fiel Didi são também os artistas que prestigiaram o público nesta edição do “muzongué” que trouxe como uma das grandes atracções o músico Eddy Tussa, que “estremeceu” com o público, levando nacionais e estrangeiros ao rubro com os vários temas musicais de sua autoria.
O evento terminou por volta das 18 horas com o humorista Calado Show também a animar o público e uma série de mix’s protagonizados pelo Dj residente, com o objectivo de homenagear os fazedores de semba.