Desenhos geométricos na areia, de Angola, e uma dança tradicional moçambicana figuram entre as nomeações para votação na 18.ª sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, anunciou, Quarta-feira, aquela agência da ONU
A candidatura angolana concorre à inscrição na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidad com a tradição Sona, que pertence à cultura dos Tchokwe e aos povos Luchazi e Ngangela que vivem no Leste de Angola e em zonas vizinhas do Noroeste da Zâmbia e na República Democrática do Congo.
No processo de candidatura apresentado pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola salienta-se que os Tchokwe “são conhecidos pelos seus trabalhos decorativos, nomeadamente em variadas peças de arte e artesanato, e em desenhos na areia conhecidos como sona”.
“Estes desenhos na areia fazem parte da tradição oral Tchokwe. Servem, antes de mais nada, como memória no contar histórias. Os sona são desenhados por homens.
Os rapazes aprendem a contar histórias e a desenhar sona como parte do seu ritual de iniciação. Os principiantes aprendem dos mestres de desenho a quem chamam akwa kuta sona.
Os sona são normalmente gráficos delineáveis que podem ser desenhados sem levantar o dedo ou passar duas vezes por cima da mesma linha”, detalha-se no processo da candidatura angolana.
Moçambique inscreve Mapiko
A dança tradicional moçambicana Mapiko é candidata à inscrição na Lista do Património Cultural Imaterial que necessita de Salvaguarda Urgente, detalha a UNESCO.
A Mapiko, ou Ingoma ya Mapiko, tal como usado pela comunidade que a pratica, ocorre originalmente no planalto Makonde constituído pelos distritos de Muenda, Nangade e Muidumbe na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.
No processo de candidatura apresentado pelo Ministério da Cultura e Turismo de Moçambique salienta-se que os praticantes de Mapiko constituem o segundo maior grupo etnolinguístico Shimakonde a seguir aos Macuas.
A urgência invocada tem a ver com as actividades fundamentalistas islâmicas em Cabo Delgado, “o que obrigou à suspensão das festas Mapiko devido à fuga e dispersão da população”, lê-se no processo de candidatura.
“O objectivo é melhorar a estratégia de salvaguarda face ao risco de extinção devido à guerra do terrorismo e sensibilizar os jovens para a importância da identidade maconde no respeito pelo ser humano.
No futuro, esperamos que o seu reconhecimento venha a reforçar a coesão social e territorial entre os diferentes povos que constituem o mosaico étnico de Cabo Delgado, senão de Moçambique e do mundo”, salienta o Ministério da Cultura e Turismo moçambicano.
A decisão sobre as candidaturas moçambicana e angolana será feita na reunião marcada para Kasane, no Botswana, entre 04 e 09 de Dezembro.