Em mais uma das suas edições de carácter mensal, o Museu Nacional de Antropologia apresenta as várias utilidades e simbolismo da “Catana”, no âmbito do projecto A Peça do Mês, que tem preenchido o seu espaço e atraído visitante
Patente desde o transacto mês é um instrumento feito de ferro bigume, com a baínha alongada e revestida em pele de boi, sendo a principal fonte de riqueza nas comunidades do grupo Ambó e povos afins.
No contexto angolano, particularmente entre os Kuanhamas, povos que habitam a região árida a Leste do rio Cunene, importante subgrupo do grupo etnolinguístico Ambó é tida como arma principal.
É muito utilizada na agricultura, na caça, na defesa pessoal e também pelo pastor, na condução do gado ao pasto.
Segundo o departamento de pesquisa do museu, de modo geral, a catana apresenta tamanhos e polimentos diferenciados conforme o período a que pertence e é um instrumento generalizado em todos os grupos etnolinguístico do país.
Por outra, o processo de manufactura quer da catana como de outros instrumentos metálicos era considerado um acto sagrado, um ritual religioso que não podia contar com a presença das mulheres e dos homens não circuncidados.
Conforme consta, no contexto histórico, a catana apresenta um sim bolismo profundamente significativo, por ter sido uma arma fundamental na luta anti-colonial, com realce para os ataques de 4 de Fevereiro, em Luanda: marca o início da Luta Armada e também nos acontecimentos de 15 de Março, no Norte do país, ambos em 1961.
Além disso, a catana está presente na bandeira nacional e é usada por vários grupos na celebração do Carnaval, a maior manifestação cultural do país.
Pelo facto, é tida como uma memoria viva, um testemunho material e imaterial da cultura angolana, cuja preservação e valorização mantem a sua identidade.
É um património tido como fundamental na construção de uma identidade cultural e da memória do povo angolano.
“Ou seja, trata-se, portanto, de um acto de desenvolvimento da consciência da cidadania. Um povo enquanto produz diversos testemunhos que, com o tempo, constituem o seu património nas suas dimensões material e imaterial”, lê-se no documento a que OPAÍS teve acesso.
Desta forma, desde os primórdios, o homem angolano desenvolveu várias técnicas para o fabrico dos instrumentos de trabalho, dos quais a catana que ajudou na sua protecção e sobrevivência.
Este plano tem como objectivo divulgar as peças existentes, através da revisitação do acervo do museu, a fim de se propagar à sociedade a sua importância como património cultural e nacional, função social, discrição, origem e cativar os cidadãos a visitarem o espaço.
Desde o arranque do projecto em Agosto de 2016 foram expostas mais de 10 peças, tendo começado com a “Pedra de Hiroshima”, “Lilweka”, “Luena”, “O Pensador” (Kuku Kalamba), “Ndemba”, “Kiela”, “Kikondi”, “Mulondo” e “Cihongo” (Txihongo) e “Kijinga”, “O Pescador” , “Nkawu”, “Embinga”, “Traje de carnaval”.