O director técnico do agrupamento Banda Maravilha, Marito Furtado, afirmou, sexta-feira, em Luanda, que o estilo musical Semba atravessa uma crise acentuada de identidade, um perigo eminente para a extinção da matriz cultural.
Em declarações à ANGOP, no âmbito das comemorações dos 30 anos de carreira, o instrumentista referiu que os artistas da nova geração não sabem e nem querem aprender o verdadeiro estilo, chegando a confundir com outros ritmos musicais.
“Nós defendemos que o Semba não se faz só, sente-se e se se tiver que classificar fora do sentimento, existem pormenores técnicos que não se devem descorar”.
De acordo com Marito Furtado, muitos artistas produzem músicas usando simplesmente Congas ou Guitarras e as intitulam como Semba, sem, no entanto, observarem os componentes técnicos/artísticos que o caracterizam.
“Precisamos sentar e unir sinergias para começar a catalogar e definir o que é o Semba verdadeiramente, para posteriormente transmitir a outrem”, alertou.
Admitiu que o agrupamento do qual faz parte não executa o Semba tal como faziam os Kiezos e Jovens do Prenda, mas o que apresentam não deixa de ser.
Lei do Mecenato
Para a preservação do estilo, esclareceu que o grupo procura gravar as músicas de exímios compositores, que agregam valores para a preservação do mosaico cultural.
Por outro lado, apontou a efectivação da Lei do Mecenato e das Sociedades de Direitos de Autores como uma das principais vias para acabar com a mendicidade nos criadores.
No seu entender, com a aplicação da lei haverá grandes benefícios para ambas partes, quer na isenção de imposto sobre as mercadorias do financiador, quer na produção artística.
Neste sentido, acredita que a falta de informação faz com que se observe um certo cepticismo sobre os potenciais investidores, uma vez que há uma boa contra partida.