Depois das denúncias, os detalhes de como tudo aconteceu. A actriz americana escreveu “Brave”, um livro de memórias no qual recorda os momentos em que diz ter sido assediada e abusada pelo produtor, Harvey Weinstein
É num livro de memórias, com o título Brave, que a actriz Rose McGowan detalha o episódio em que alegadamente foi assediada por Harvey Weinstein, depois de mais de 20 anos a acusar o produtor de cinema.
A actriz diz que tudo aconteceu na altura em que conheceu Weinstein. No livro agora publicado, McGowan, que participou em filmes como “Encino Man” e “Grindhouse”, conta que conheceu o produtor de cinema, a quem se refere sempre como “o monstro”, na rodagem de “Going All The Way”, em 1997, durante o festival de cinema de Sundance.
Hoje, a actriz de 44 anos, conta que aos 23 Weinstein a convidou para jantar num restaurante, mas depois alterou o encontro para um quarto de hotel, o que fez com que McGowan na altura pensasse que fosse um momento importante na sua carreira.
A actriz alega que pouco depois o produtor a levou para dentro do jacuzzi e abusou dela. Mais tarde, o produtor chegou a referir-se a McGowan com uma “amiga especial”, adianta o jornal The Guardian.
“Senti-me suja. Pensei que talvez eu o tivesse tentado a fazer o que me fez, o que me fez sentir ainda mais suja e doente”, escreve a actriz no livro. Aquilo que a actriz também recorda em Brave é a luta que travou durante anos contra “os homens sagrados de Hollywood”. Tendo crescido na cultura poligâmica das Crianças de Deus, em Itália, a actriz conta que escapou para a América depois de alguns dos líderes desse mesmo grupo terem começado a defender os abusos infantis.
Depois de, em adolescente, ter estado numa relação também abusiva e de ter dormido na rua algumas vezes, decidiu não apresentar queixa contra o produtor, porque tudo isto se viraria contra ela, aponta o Guardian, citando o livro. Em Brave, Rose McGowan fala também do casamento com o realizador Robert Rodriguez, que acusou de se ter aproveitado do que sabia sobre o que se tinha passado com Weinstein para a punir numa das cenas do filme “Planeta Terror”, em que a personagem de McGowan é violada. Em 1997, a actriz e o produtor chegaram a acordo — McGowan receberia 100 mil dólares (80 mil euros) — mas o acordo não incluía uma cláusula de confidencialidade, acrescenta o The New York Times. “Eu tinha os meus advogados a dizerem-me para aceitar o acordo e financiar o cinema”, disse a actriz numa entrevista, citada pelo mesmo jornal. Mais tarde, Rose McGowan pediu 6 milhões de dólares (4 milhões de euros), mas ao mesmo tempo pensou que não queria o dinheiro do produtor.
Muitas das mulheres que acusam Harvey Weinstein de as ter, alegadamente, assediado sexualmente, contam que à semelhança do que aconteceu com McGowan, também elas foram convidadas para ir até aos quartos de hotel do produtor, onde eram forçadas a fazer sexo oral, adianta também o New York Times. Estas alegações foram sempre negadas por Weinstein.
Fonte: Observador