O pesquisador cultural Roldão Ferreira defendeu, nesse domingo, a necessidade de a sociedade civil assumir a responsabilidade da preparação e realização do Carnaval sem interferência política, visando a preservação da matriz cultura
Em declarações à ANGOP, no quadro da 46.ª edição da maior manifestação cultural do país, Roldão Ferreira disse entender que não pode ser sempre o Governo a encarregar-se pela gestão orçamental, organizativa, até à realização do Carnaval, devido a alguns aspectos culturais que têm sido beliscados.
Fez saber que foi idealizada uma Liga das Associações do Carnaval de Angola (LACA), capaz de dar resposta às exigências que se impõe, mas infelizmente por questões alheias ao seu domínio não houve avanços na sua implementação.
“Entreguem o Carnaval à sociedade civil porque, ao contrário, estão a matar a sua excelência”, reforçou. De acordo com a fonte, há um certo desvio e perda da essência do Carnaval, desde as exibições dos grupos à avaliação da classe de jurados.
Segundo o renomado precursor do Entrudo, a festa deve ser uma actividade auto-sustentável em todo o país, devendo-se, no entanto, criar políticas assertivas para a sua efectivação.
O pesquisador sublinhou que a cultura da quotização entre os membros dos grupos carnavalescos é praticamente inexistente e o Governo não pode continuar a patrocinar e a gerir o Entrudo.
Quanto aos nomes que marcaram a história do Carnaval, Roldão Ferreira destacou João de Belo, a quem atribui a proeza de introduzir os passos da dança com guarda-chuva, visto que o Carnaval se dança em tempo de chuva.
Destacou igualmente José Ferreira, Teófilo José da Costa, Dionísio Rocha e Mestre Geraldo.
Derivado das brincadeiras do Entrudo português de grandes bailes, o Carnaval de Luanda sofreu várias mudanças e paralisações ao longo do tempo, tendo o seu ponto mais alto dos desfiles o acto central do “Carnaval da Vitória” em 27 de Maio de 1978.