Os músicos Robertinho e Don Caetano foram os artistas congratulados na sétima edição do concerto “Trajectória”, que teve lugar na última Sexta-feira, 29 de Setembro, no palco do palácio de Ferro, em Luanda
Os artistas, que assinalam este ano 49 e 50 anos de carreira, respectivamente, contagiaram aquele peque- no público com os seus variados sucessos musicais, relembrando os anos de glória com temas que marcaram diferentes gerações das décadas de 1970, 80, 90 e 2000. Robertinho, que foi o primeiro a entrar em palco, partilhou com o público os sucessos “Sanguito”, “Samba Samba”, “Kaquinhento”, “Massoxi”, “Kamaxinde”, “Desespero” e tantos outros, recebendo eufóricos aplausos e assobios do público que era constituído por quase todas as faixas etárias.
Na sua intervenção, o músico que começou a sua carreira como instrumentista e corista do grupo Ébano, no Marçal, nos anos 70, disse sentir-se honrado pelo convite em actuar naquele evento na companhia de um artista que muito respeita e admira, e para um público restrito, mas acolhedor e contagiante. O artista enalteceu a iniciativa da organização que considerou ser um nobre reconhecimento pelo seu trabalho ao longo de muitos anos de estradas. “É um reconhecimento bastante importante porque não é fácil, depois de tantas barreiras, anos de trabalho e ainda assim ser convidado a estar neste palco.
Sinto-me bastante satisfeito por ser homenageado nesta minha carreira artística”, sublinhou. O músico celebra 49 anos de carreira musical, uma jornada que começou aos 17 anos como corista e instrumentista. Com barreiras, sobressaltos e êxitos, o músico considerou ser um trajecto que o enche de orgulho e satisfação e que, apesar das limitações, continua aberto e disponível para dar o seu contributo em prol do engrandecimento da música popular angolana.
Em seu novo álbum, o músico pretende trazer uma versão de si mais recreada, mais versátil e com temáticas que rementem a reflexão de várias situações da vida quotidiana angolana, mas sem perder a essência da marca que o identifica “o massemba”.
Don caetano, 50 anos de carreira
Já Don Caetano, que actuou de seguida, com os temas “Uejiaki Usokana”, “Diala Dya Ongo”, “Vizinho”, “Divina Esperança”, “Sou Angolano” e “Dilema”, deixou o público vibrante que não parou de lançar assobios e outros abriram espaço para uma dança ao som da batucada ‘imposta’ pela Banda Maravilha. O músico, que celebra 50 anos de carreira, agradeceu o convite e apelou à organização a continuar com a iniciativa que, no seu entender, “tem ajudado bastante na valorização dos artistas que têm muitos anos de carreira, mas que, por inconveniência da vida, aos poucos vão sendo esquecidos”.
Considerou que o convite é sinal de que o seu trabalho tem merecido atenção, não apenas de pessoas mais velhas, mas também de jovens que apreciam e se reveem nas suas canções. “Eu penso que isto é produto do trabalho que tenho vindo a realizar ao longo do percurso da minha carreira. Acho que tenho dado contribuições no sentido de engrandecer a música nacional e com destaque para o Semba”, afirmou.
Preservação da essência do semba
Don Caetano advertiu sobre a necessidade de se expandir o Semba além fronteira, mas sem lhe retirar a essência histórica e cultural, sublinhando que o Semba jamais pode ser confundido com a kizomba, nem tão pouco compara- do com qualquer outro estilo musical.
Para o músico, o estilo deve ser visto como a história de um povo que ao ser contada ou ensinada deve ser feita de forma adequada, respeitando as características e a identidade daquele mesmo povo.
“Há uns até que dizem que o Semba aos poucos está sendo ultrapassado pela Kizomba. Eu digo que não. O Semba é essência, é estilo rei, jamais será esquecido ou ultrapassado, só temos é que preservar a essência e ensinar aos outros que ele é a nossa história, a história dos nossos bairros e musseques contados na música e na dança”, frisou.
Robertinho prepara lançamento de novo álbum
Aproveitando a ocasião, o músico Robertinho avançou que está a preparar o lançamento do seu novo trabalho discográfico que deverá acontecer ainda este ano, entre os meses de Novembro ou Dezembro. Ainda sem título, trata-se de uma obra discográfica repartida em duas, com 12 faixas musicais, cantadas em português e kimbundu. Conta com participações de alguns músicos e instrumentalistas da praça nacional, entre os quais Romão Teixeira (baterista), Diogo Sebastião “Kintino” (guitarrista), ambos membros da Banda Movimento, Chikilson e outros.
O álbum, segundo o artista, já vem sendo prepa- rado há mais de um ano, e estava previsto para ser lançado em 2022, mas as insuficiências financeiras forçaram o adiamento da conclusão do disco , que está na fase de acabamento. “Neste momento, falta apenas a mistura do álbum e a masterização.
Depois disto, então o álbum está pronto para sair ainda este ano”, garantiu. Robertinho dedica a obra aos seus fãs e apreciadores do seu trabalho por serem aqueles que o motivam a se manter firme e resiliente na sua carreira artística, assim como àqueles que sempre o têm apoiado incondicionalmente em algumas circunstâncias da vida. “Este álbum dedico especialmente aos meus fãs e ao povo angolano, por tudo que têm feito por mim”, sublinhou.